sábado, 14 de janeiro de 2012

Yakuza - Um "samurai" do sushi?

Nota Prévia
A publicação deste post foi propositadamente adiada para não coincidir com o momento difícil que o Chef Olivier estava a viver no seu restaurante Guilty, cuja experiência partilhada neste blog (ver post aqui) não foi a melhor. A experiência no Yakuza que ocorreu no "pico" mediático do já referido momento difícil, também não foi fantástica, pelo que em nome de toda a equipa do chefe ao chef, gostaria de esclarecer que nada nos move contra o Chef Olivier. Nada nos move, também, a seu favor, sendo o mesmo aplicado a qualquer restaurante, ou Chef. Recordo que o objectivo deste blog consiste em partilhar as nossas experiências gastronómicas. Nada ganhamos com isto e não pretendemos fazer concorrência a qualquer outro espaço semelhante.

d., j. e eu fomos felizes e contentes ao restaurante Yakuza, expectantes por provar o famoso sushi do chef Agnaldo Ferreira, cuja passagem no Estado Líquido ainda hoje é uma referência em Portugal. Não posso comentar este período aúreo de Agnaldo Ferreira, pois não o vivi, mas posso comentar o seu actual momento no Yakuza.

Espaço
Vamos por partes, o Yakuza ocupa hoje o mesmo espaço do Olivier Avenida, sendo apenas o seu prolongamento. O espaço foi adaptado ao Yakuza com uma decoração sofisticada e um Aquário de água salgada fabuloso que o diferencia, porém, e sabendo que esta opinião é muito subjectiva, o restaurante parece não ter uma identidade própria. Não há nada que o identifique como Yakuza, nem à entrada (que pode ser confusa), nem nos adereços do restaurante, que têm a inscrição do Olivier Avenida. Compreende-se que em momentos de crise e usando uma linguagem empresarial existam sinergias de custos e recursos entre divisões do mesmo grupo, mas convenhamos que entrar no Olivier Avenida para nos irmos sentar no Yakuza não ajuda muito o brand name.

(ver imagem aqui)

A falta de alguém que receba os clientes num restaurante que se posiciona como de alto nível, é no mínimo estranho, mas ter de pedir ao sushiman que chame alguém para nos indicar uma mesa que por acaso até estava reservada, já me parece ser um sinal de falta de organização.
A falta de simpatia no atendimento é algo com que eu posso viver, mas não gosto que me impinjam menus de degustação antes mesmo de me trazerem a carta, e que numa mesa de três pessoas só entreguem um menu. Isto é falta de profissionalismo.
A juntar a isto, uma mesa de vidro lascada é algo a ter em atenção, pois alguém pode cortar-se ou, na melhor das hipóteses, estragar uma peça de roupa.
Por fim, os membros deste blog gostariam que o Yakuza revisse a sua interpretação e aplicação das leis anti-tabágicas nos espaços públicos.

Refeição
Agnaldo Ferreira não desilude, o sushi é a sério. Com a massificação de restaurantes de sushi em Lisboa, a qualidade e frescura do peixe nem sempre é a melhor, porém Agnaldo não cede neste princípio e apresenta pratos com peixe de excelente qualidade. A confecção do sashimi e das diferentes peças de sushi confirmam os seus créditos, sendo bom o sabor dos Uramakis e dos Hossomakis, mas não tão tradicionais como no antigo Aya. Os Nigirizushi destacaram-se como sendo as melhores peças do sushi tradicional. O único reparo que faço, com o qual d. não concorda, é o tamanho destas peças que julgo não serem muito generosas. O mesmo não posso dizer do sashimi, cujo corte é elegante e bem proporcionado. 

Contudo, no sushi/sashimi tradicional, desde que o peixe seja de qualidade e os chefs saibam o que andam a fazer, torna-se difícil a alguém diferenciar-se da concorrência, visto tratar-se de uma gastronomia limitada nos ingredientes e rígida nos processos. O mesmo não se pode dizer noutros pratos, nos quais os conhecimentos e práticas estão lá, mas a criatividade é deixada à solta. O Tártaro de Atum para entrada foi o prato em que Agnaldo fez a diferença, seja na sua apresentação, seja na combinação de sabores, com as ovas pretas a darem um toque ácido sensacional. Será injusto não mencionar o couvert de Hossomakis tempura, pois a combinação de sabores era boa e equilibrada, i.e., conseguia sentir-se o sabor das duas técnicas, sem que uma se sobrepusesse à outra. O mesmo se verificou no Hossomaki com cebola confitada que eu adorei devido ao "confronto" de sabores. O Ceviche dividiu opiniões, comigo a não apreciar o seu excessivo sabor a vinagre, enquanto d. e j. gostaram

Não tendo provado qualquer sobremesa, relato apenas a opinião de quem me acompanhou. As opiniões foram ligeiramente divididas, com j. a considerar o cheesecake de banana enjoativo, enquanto que para d. a sobremesa foi salva pelo gelado de frutos silvestres que cortava bem o sabor.

Por fim, a bebida que acompanhou esta refeição foi água. Sim, não foi sake pois não estava "nessa onda" e não foi chá verde pois o Yakuza não tinha. Num restaurante de comida japonesa não existir chá verde é como numa tasca não haver bagaço e minis, mas pronto, avance-se... agora sugerirem chá de saqueta!? Estão a brincar com os clientes? Bem sei que o Yakuza é o espaço ideal para a presunção e exibicionismo de alguns, mas ofereçam isto a um japonês e verão como ele irá reagir. Queriam perder credibilidade? Conseguiram.

Preço
Aproximadamente 70 € para três pessoas que comeram uma boa e bem servida refeição de sushi. Face à qualidade e quantidade da refeição, aceita-se, apesar de ser puxado para as carteiras da esmiufrada classe média portuguesa. É um preço demasiado elevado por tudo o resto que aqui foi descrito.

Conclusão
Existe o Yakuza e existe uma estrela que brilhou, mas que hoje está ofuscada. Agnaldo Ferreira é capaz de ser muito superior ao actual Yakuza. Aliás, é certamente o seu nome que o sustenta, mas regressar ao Yakuza por sua causa não está certamente nos meus planos. Lisboa está repleta de espaços, como por exemplo o SushiCafé Avenida, ou o Origami no Príncipe Real, que se destacam pela sua qualidade, ou inovação/fusão, sem terem as falhas que o Yakuza apresentou. Quero acreditar que Olivier da Costa, o empresário, com a garra e empreendorismo que o caracterizam, há-de ultrapassar facilmente estes problemas, mas até lá...

data da visita: 12.dezembro.2011
preço por pessoa: 24 € 

Restaurante Yakuza
Tivoli Jardim
Rua César Machado, 7/9, Lisboa
www.restauranteyakuza.com

6 comentários:

  1. Bom dia! Acabei de ler várias críticas em que referem do SushiCafé Avenida, sem, penso seu, terem visitado e experimentado o espaço. Como dono do restaurante, lanço o desafio para o visitarem e escreverem aqui o vosso veredicto. Sugestões para experimentarem pratos que são nossa especialidade e outros que foram lançados recentemente e que são inovações nossas: gyozas, black cod / gindara goma, sashimi de atum blue fin, mauzer maki, pera midori. Obrigado, Manuel

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  2. Caro Manuel, obrigada pelo seu comentário!

    Posso dizer-lhe que eu e d. já visitámos o
    SushiCafé Avenida numa ocasião e a experiência foi óptima sendo por isso que o "usamos" algumas vezes como referência de qualidade.

    g. também já visitou o seu restaurante, e, a verdade, é que a opinião dele não é tão positiva como a nossa.

    Por este motivo, temos adiado a publicação do nosso comentário ao SushiCafé Avenida, pois planeamos voltar, como forma de "desempate" de opiniões.

    Cumprimentos,
    j.

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  3. Caro Manuel Salema

    No seguimento da resposta da j., sugiro-lho que esteja atento ao do chefe ao chef, pois já tivemos todos a oportunidade de ir/voltar ao SushiCafé Avenida...

    Cumprimentos,

    f.

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  4. Só não entendi como posam ter referido o Origami do Principe Real como sinónimo de qualidade. Um restaurante que teve de mudar de espaço por não ter condições higiénico-sanitárias para laborar.

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  5. Ao chefe ao chef

    E lamentável tudo que foi escrito sobre o Yakuza em 2 anos de sua existência tivemos sim algumas falhas que pelos visto calhou numa de vossa visita (falhas ) que já forao revistas
    Gostaria de os convidar para que nos faca novamente uma visita para que podemos tirar essa imagem que ficarão do Yakuza Comprimentos. Agnaldo Ferreira

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  6. Caro Agnaldo Ferreira

    O principal no Yakuza estava garantido, a qualidade da comida servida e isto deve-se certamente ao seu trabalho e da sua equipa. Todos os restantes factores que contribuem para o nome do Yakuza, na nossa experiência, realmente, não estiveram ao nível das nossas expectativas. É importante saber que o Yakuza resolveu as falhas descritas, tal como "previ" no final deste post. No geral todos ficam a ganhar (clientes, restaurante e a própria oferta da cidade). O seu repto de lá voltarmos está lançado...

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