segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Kampai - Sushi dos Açores

No que diz respeito a restaurantes de sushi, aqui no "do chefe ao chef" já descrevemos um conjunto considerável de experiências, talvez, em detrimento de outros géneros de gastronomia. É um facto que os bloggers deste espaço gostam muito de sushi, logo, se um bom restaurante deste género de comida nos proporciona uma boa experiência, penso que a devemos partilhar. 
(ver imagem aqui)

A última boa experiência de sushi que tive foi no Kampai, um pequeno restaurante, situado na Calçada da Estrela (próximo da Assembleia da República), com motivos decorativos relacionados com a pesca, em particular, a do Atum. O ambiente é descontraído, sendo que no caso desta experiência, o atendimento foi para além de profissional. Foi excepcional, mas apenas o foi, a partir do momento em que eu e a minha companhia demonstrámos alguns conhecimentos sobre a matéria e questionámos se o sushiman não teria passado no saudoso Aya. Touché! Começou todo um serviço fora do comum, com explicações importantes sobre o funcionamento do restaurante, o seu relacionamento com os fornecedores, a qualidade que exigem, a sazonalidade com que servem alguns peixes, bem como, as novidades que tinham na sua carta, entre outros temas. Tudo isto de um modo descontraído, sem ser intrusivo, nem "graxista", apenas um conjunto de conversas entre apreciadores de sushi.
(ver imagem aqui)

Relativamente ao sushi, ainda a propósito do serviço do Kampai, o sushiman teve de facto a sua formação no Aya, o que se tornou evidente no corte das peças, na apresentação de alguns pratos e na qualidade do peixe servido. Felizmente, o que então foi previsto nas últimas linhas do post do Aya, está a verificar-se...

Mas o que torna este restaurante de sushi assim tão diferente? As peças têm boas proporções? Sim. O peixe é fresco e de óptima qualidade? Sim. Os pratos tradicionais de sushi são muito bons? Sim. Poderia descrever outras qualidades neste restaurante, mas o que realmente distingue o Kampai de outros excelentes restaurantes de sushi locais é a sua oferta, sem dúvida, diferenciadora. À excepção do Salmão, todos os restantes peixes são provenientes dos Açores, inclusive o Atum, que, diga-se de passagem, é muito bom, dos melhores que já comi em Lisboa. Contudo, após provar o Lírio, cujo sabor e consistência, na minha opinião, são melhores que os do Atum, nada mais será o mesmo para mim em termos de sushi. Atingi um outro nível de exigência, talvez o equivalente ao alcançar do Nirvana para os budistas. Da próxima vez que voltar ao Kampai, arrisco-me a sair de lá desiludido, pois nem sempre este peixe está disponível, mesmo quando estamos na sua época de pesca. O seu sabor, o bom corte e proporção das suas peças serão difíceis de suplantar nos próximos tempos, isso é garantido. Também nos foi servido o Chicharro, um peixe cuja consistência é áspera e o sabor é ácido, mas que não deixa de ser diferente do que estou habituado nos restaurantes de sushi em Portugal.
(ver imagem aqui)

Para finalizar, tem que ser feita uma menção à entrada e sobremesa provadas. As Gyosas foram feitas na hora, o que, naturalmente, lhes deu um sabor melhor. Quanto à sobremesa, provei um bom e cremoso bolo de chocolate, acompanhado por uma bola de gelado de Chá Verde e ainda uma bola de gelado de Sésamo, oferta da casa. Admito que não apreciei muito este último sabor.

Toda esta experiência, certamente única e nos próximos tempos difícil de igualar, teve como preço final o valor de 68 €, ao que incluo as habituais águas, chás verdes e cafés. Por duas pessoas, sushi a este nível a  34 € / pessoa, certamente, verificarão que não é caro. Basta lerem e compararem o que está escrito neste post com outras experiências de sushi que anteriormente partilhámos...

data da visita: 19.julho.2013
preço por pessoa: 34 €

Kampai
Calçada da Estrela, 35-37, Lisboa

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Doce Infusão | Aveiro

No seguimento do relato sobre o restaurante Bombordo, merece uma referência muito positiva, a casa de chá que nos salvou o almoço...

Pois claro que às quase 14h00 de um dia de sol todos os restaurantes da baixa de Aveiro com esplanada estavam mais do que cheios.

Depois de umas voltas, lá encontrámos a Doce Infusão que servia umas tostas e umas saladas. O serviço destacou-se, de imediato, pela simpatia do empregado - também ele estudante a ocupar o tempo de férias, mas com toda uma outra atitude positiva perante o trabalho e os clientes. Explicámos-lhe antecipadamente o episódio anterior e porque já estávamos a ficar sem tempo, pedimos o favor de acelerarem o nosso pedido.
E assim foi... um serviço impecável e rápido, dentro das possibilidades porque afinal a casa é pequena, com (ainda) alguma variedade dentro dos almoços rápidos. Tanto as saladas como as tostas que pedimos e o wrap que ainda veio para o lanche, estavam óptimos! 

A Doce Infusão aposta, claramente, numa oferta caseira com opções saudáveis e num serviço acolhedor. Tem tudo o que precisa para ser um sucesso, basta que se mantenham como estão!

Se estiverem por Aveiro, à procura de um sítio para um almoço leve e rápido, ou mesmo para lanchar, não deixem de passar por lá!

data da visita: 21.julho.2013

Doce Infusão
Largo da Apresentação, 3A, Aveiro

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Estoril Mandarim

Tínhamos este cartão Time Out 2por1 para gastar, mas estávamos hesitantes... Será o Estoril Mandarim um restaurante chinês assim tão diferente que compense a viagem até ao Estoril e o facto de ser mais caro? Fomos à descoberta!

O Estoril Mandarim pretende trazer para Portugal a alta cozinha da região de Kuong Tong, sendo muito famoso o seu pato à Pequim (recomendado pela Time Out). 
Ora, se este é o prato estrela, decidimos pedi-lo. Composto por um animal de cerca de 2,400 kg, é dividido em duas partes: a primeira onde é servida a pele estaladiça do pato para ser degustada envolvida em massa fresca (e molho agridoce para quem quiser). A seguir, a carne é servida como segundo prato, fatiada ou enrolada em alface. 

Não deixando de ser um restaurante chinês (com o centro da mesa rotativo) pedimos outros pratos para partilhar:
- chao min de vaca: estava bastante saboroso e com tudo o que se espera que seja um chao min de vaca;
- porco panado com castanha de água: um prato que nenhum de nós conhecia e que pedimos para experimentar. Foi uma pequena decepção porque não tinha sabor nenhum;
- gambas com ovos: se era suposto ser um prato chinês, para nós não passou de uns ovos mexidos banais, sendo possível encontrar melhores opções noutros locais;
- arroz chau chau com clara de ovo e espargos: decidimos inovar, também, no pedido do arroz, mas, mais uma vez, esta mistura não tinha nada de extraordinário nos sabores;
- galinha frita com sésamo e molho de limão: um prato de sabor muito suave (para alguns quase sem sabor), mas não era mau.

Em resumo, nenhum dos pratos nos surpreendeu, nenhum dos pratos nos pareceu de qualidade muito superior aos encontrados em outros restaurantes chineses e, obviamente, nenhum dos pratos mereceu o dinheiro que por eles pedem.

Para sobremesa, optámos pelos típicos banana e ananás fa-si. Estavam ambos bons e muito bem confeccionados. f. pediu, ainda, um pudim de manga, cuja consistência se assemelhava a um pudim instantâneo, mas cujo sabor genuíno a manga e os pedaços desta fruta lá no meio, o fizeram acreditar ser um pudim a sério.  

A acompanhar a refeição esteve o vinho tinto Duas Quintas 2008, consistente e intenso - bom, muito bom. Quem não bebeu álcool ficou-se pela água porque a coca-cola, pedida por duas vezes, nunca chegou ao seu destino.

O serviço, cordial desde o momento em que chegámos, perdeu o brilho (e o brio) no final da refeição, onde até ouvimos uma "boca" foleira por causa de usarmos o cartão Time Out, tendo mesmo sido pressionados para sair rapidamente. Ficamos sem perceber porque é que um restaurante que adere a estas promoções depois trata desta forma inferior os clientes que a elas aderem (nunca antes nos tinha acontecido, felizmente).

Considerando a qualidade nada extraordinária e este triste final de refeição, para nós, o Estoril Mandarim não passa de um restaurante chinês (mesmo) muito caro, até para quem decide usar alguma promoção. Um conselho... guardem o investimento para outros restaurantes que façam por merecer o dinheiro pago pelos clientes.

data da visita: 13.abril.2013
preço por pessoa: 22,35 € (com desconto 2por1)
preço por pessoa: 35,00 € (sem desconto 2por1)

Estoril Mandarim

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cá-Te-Espero | Santo Tirso

" - Ai estão no Norte e querem ir a um sítio tradicional?" - questionou um dos meus pares.
" - Sim..." - respondeu o outro, já com receio do que aí poderia vir.
" - Então vamos ao "Cá-Te-Espero" que já vão ver." - retorquiu o primeiro com um sorriso malicioso.

(ver imagem aqui)

Com uma forte probabilidade deste diálogo ter sido aligeirado, a verdade é que algo de impressionante nos esperava no "Cá-Te-Espero", um restaurante ultra-tradicional de Santo Tirso. Situado à beira da N-105, actual Av. da Boavista, em Rebordões, Sto. Tirso, o "Cá-Te-Espero" é um espaço muito frequentado pela população local, sempre com boas casas, mesmo a meio da semana. É daqueles sítios em que a família toda vai jantar ou então, os patrões (empresários?) locais juntam-se para discutir o último negócio do mês.

O restaurante está situado numa cave com um pé direito baixo, que combinado com uma casa cheia, proporciona um ambiente barulhento, mas sempre animado. Óbvio que para esta animação, contribuem a decoração do espaço, entre o rústico e o muito familiar, pois o espaço assemelha-se às salas de jantar das casas antigas daquela zona. O serviço também contribui para este ambiente descontraído, pois neste espaço dispensam-se certo tipo de formalismos.

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(ver imagem aqui)

Mas o que realmente faz a fama do "Cá-Te-Espero" não é o seu espaço e natural simpatia do seu serviço, mas sim o que ali se serve. No "Cá-Te-Espero", o menu eventualmente pode auxiliar a escolha da comida, mas quem lá trabalha é quem indica o que naquele momento compensa ser servido, consoante a quantidade de pessoas à mesa. Falar numa refeição para duas ou três pessoas é inútil, pois apenas as entradas fariam o jantar de muitas pessoas. 

Não tendo sido escolhida qualquer entrada, foram servidas à mesa um Pernil de Porco gigante, bem cozido e muito saboroso, acompanhado por uma Morcela que fez as delícias de quem a provou, bem como, de um Chouriço de Sangue fantástico. Para além do Pernil, uma tigelinha de Favas com Chouriço, que pelo aspecto, para quem aprecia favas, deveriam ser óptimas. Também foi servido um prato de Rojões à Minhota, que acabaram comigo de tão deliciosos que eram. Por fim, para além de um Queijo de Cabra Curado que cumpriu a sua tarefa, havia um Presunto com Melão óptimo. As fatias eram finas e com a tira de gordura necessária para lhe dar sabor, sem que com isso o Presunto fosse uma daquelas coisas todas gordurosas que por aí se vendem actualmente. O Melão, mesmo fora de época, era fresco e doce, o que naquele ambiente abafado, caiu mesmo bem.

Quanto ao prato principal, não sei como, mas ainda consegui arranjar espaço para um Cabrito Assado no forno, com Legumes e Batata. A acompanhar um Arroz no forno, servido numa terrina própria de barro, mas que eu pessoalmente não apreciei, pois achei-o demasiado seco. O que importa destacar é o Cabrito, que normalmente é apelidado de "a vergonha da cozinheira", por causa da quantidade de ossos que ficam no prato e da pouca carne que se come, mas este não era certamente o caso. Bons pedaços de carne, suculenta, com um sabor intenso e diferente de tudo o que estamos habituados, mesmo quando comparado ao Borrego, estava excelente. Os acompanhamentos estavam também bons, em particular a batata, mas ao contrário do que, por vezes, sucedeu nestas voltas que dei pelo Norte de Portugal, desta vez, os acompanhamentos não eram melhores que o prato principal.

Quanto às sobremesas, que me recorde, ninguém teve coragem de as experimentar, mas dizem que o Leite Creme Queimado é qualquer coisa... Fica para uma próxima, bem como, um vinho tinto local para acompanhar a refeição, ao invés do espumante tinto que nos garantiram que seria a melhor opção. 

No que diz respeito ao preço, quero acreditar naquilo que diversas fontes indicam, que o preço médio por pessoa é de 15€, o que convenhamos, fazendo a relação quantidade/qualidade/preço, é uma excelente relação. 

data da visita: 20.março.2013
preço por pessoa: 15 €

Restaurante Cá-Te-Espero
Av. Boavista, 113, Rebordões
Santo Tirso

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Can the Can

Num almoço de empresa fui visitar o novíssimo Can The Can.

(imagem daqui)

Extremamente bem localizado, na Ala Nascente do Terreiro do Paço, este restaurante tem o conceito de "comida enlatada gourmet" - ou seja, apresentam pratos gourmet baseados na tradição das conservas portuguesas.

Uma marca muito bem construída à volta do simples conceito de "enlatados", que desenha bem a história do restaurante e que culmina numa decoração original do espaço - dois andares, pé direito muito alto e muitas aplicações de latas por toda a decoração.

Assim que chegámos foi-nos servido o couvert, composto muito simplesmente por azeitonas, pão e azeite com vinagre balsâmico. Sendo um almoço com muita gente, naturalmente teremos causado alguma azáfama ao serviço de sala e de cozinha, mas este até foi rápido tendo em conta a quantidade de pessoas na nossa mesa. Fomos inclusivamente atendidos pelo dono da casa, que foi cortês e atencioso mas, infelizmente, nem sempre simpático, havendo até um episódio de um comentário bastante desnecessário a uma das senhoras à mesa que me vou escusar a detalhar aqui.

Apesar da oferta em conservas, acabei por não resistir em pedir um Hamburguer em Bolo do Caco para a refeição, pois já era tarde e a fome apertava. Para além disso, ao analisar a lista, pareceu-me também uma melhor opção em termos de preço, o que explica o facto de ter sido a escolha de muitos de nós. O hamburguer veio acompanhado de batata frita servida num púcaro (que é engraçado embora já não seja original), e molhos de maionese e de mostarda de frutos vermelhos, que eram muito bons. O bolo do caco era bom (se bem que eu nunca tinha experimentado, portanto não sei comparar com o original), mas o hamburguer, apesar de ser de dimensão adequada, estava demasiado passado, tornando a carne muito seca. Valeu a imperial fresquinha que acompanhou a refeição. Sem apetite para mais, terminei com uma simples bica.

Parecendo um almoço extremamente simples, e, apesar de sermos muitos e de haver um ou outro que decidiu beber um copo de vinho (garanto que não foi a opção da maioria da mesa, que se decidiu por refrigerantes ou imperiais), e sendo que ninguém pediu sobremesa, o preço de 17,50€ por pessoa é - como dizer? - absurdo. Ainda se a qualidade da refeição o justificasse, mas, infelizmente, nem é esse o caso.

Enfim, uma experiência vale sempre por si só, mas fiquei com a certeza que o Can The Can não passa de um restaurante para turistas, aqueles que os locais normalmente recomendam evitar por serem extremamente caros. Aliás, se dúvidas houvesse que este restaurante foi concebido só para turistas, basta visitar o site, que apresenta primeiro a língua inglesa e só depois a portuguesa. Não que haja algum mal em conceber um spot exclusivamente turístico, mas o restaurante continua a ser em Lisboa e deve tentar encontrar um equilíbrio entre esse objectivo e o enquadramento local - não se pode desvalorizar a opinião local, até porque cá por Portugal também já temos internet e até utilizamos muito sites como o TripAdvisor.

Uma nota final para a agenda musical que o restaurante tem, com noites de fado, que poderão fazer a visita valer a pena.

data da visita: 05.abril.2013
preço por pessoa: 17,50 €

Can the Can Lisboa
Terreiro do Paço, 82/83, Lisboa
http://canthecanlisboa.com/

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Avenue by Porsche Design

Felizmente tenho tido a sorte de ter alguns almoços empresariais que me têm proporcionado visitar restaurantes diferentes e alargar as minhas experiências a este nível. Desta vez, fomos até ao Avenue, um restaurante muito recente que abriu na Avenida da Liberdade, mas que recebeu um comentário promissor por parte da Time Out Lisboa. 

(imagem daqui)

O restaurante está num 1º andar, tem uma decoração sóbria e elegante, sobre o preto. À chegada, um ligeiro impacto pela ausência de outros clientes no restaurante - para além da nossa mesa, havia apenas mais duas, o que dá sempre um mau pressentimento. Porém, tivemos a sorte de ficar na sala privada, o que beneficiou em muito esta experiência. O serviço foi rápido e atencioso a todos os níveis, sem se tornar intrusivo.

Para o almoço o Avenue oferece um menu executivo que inclui entrada, prato, sobremesa e bebida, escolhidos de uma pequena carta com 3 ou 4 opções para cada um destes itens. 

Para entrada (e porque não resisto a um bom ovo), escolhi o ovo escalfado com lascas de presunto e molho holandês. O ovo estava no ponto perfeito, nem demasiado cozinhado nem demasiado cru, e o molho também ficou muito bem neste prato. 

Para prato principal, decidi-me pelo lombinho de pescada sobre açorda de ovas e espargos, para o qual só tenho uma palavra - divinal. O peixe estava suculento, e a açorda com um óptimo equilíbrio de sabores que evitaram a sensação de enfartamento que esta iguaria costuma causar. 

Para finalizar, optei pelo gelado de bolacha com espuma de leite condensado e crumble. Em toda a refeição, a sobremesa foi a única peça do puzzle que não se destacou. Não sendo má (não era), não foi surpreendente, ao contrário dos outros dois pratos. O gelado era um bocadinho enjoativo e a espuma de leite condensado não ajudou. O crumble, por sua vez, revelou ser a salvação, pois estava extremamente crocante e saboroso. 

Recomendo vivamente esta experiência, especialmente aproveitando este menu de almoço, cujo preço é bastante vantajoso tendo em conta a oferta variada, o facto de ser um menu completo e, last but not least, a excelente qualidade da confecção, que nos oferece uma refeição de topo e que poderá alegrar o dia de trabalho!

data da visita: 20.fevereiro.2013
preço por pessoa: 19,50 €

Avenue by Porsche Design
Av. Liberdade, 129-B, Lisboa
http://www.avenue.pt/

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A Astória | Braga

Nas minhas andanças pelo norte de Portugal, fui parar àquela que para mim é a região com melhor gastronomia do país: o Minho. Infelizmente, nós, bloggers de "do chefe ao chef" não temos como dar ao Minho a atenção que esta região merece, motivo pelo qual, partilho este pequeno momento no restaurante "A Astoria".

Entre afazeres profissionais, foi no "A Astória" que fiz uma breve pausa para o almoço, mas quem me dera a mim poder almoçar assim mais vezes. O "A Astória" está bem localizada, na praça central de Braga, cidade ainda vibrante, num país cada vez mais paralisado. O seu espaço consiste num open space amplo de dois pisos, com uma excelente montra de garrafas de vinhos nacionais e estrangeiros, para além de outras bebidas, decoração simples e moderna, "encaixada" numa infraestrutura de pedras de granito maciças. Com bom tempo, a refeição no telhado, com vista para o centro de Braga, deve ser agradável.

A refeição foi relativamente simples, pois o tempo era escasso, além de não gostar de comer muito em dias de trabalho (recordar post da "Pastelaria Versailles"). Assim, o couvert fez de entrada, sendo composto por um patê de Atum fabuloso e um Azeite com Vinagre Balsâmico viciante. Como prato principal, optou-se pelo prato do dia, o afamado Bacalhau à Braga. O bacalhau que nos foi servido tinha proporções consideráveis (já comi bifes menores), estava muito bem confeccionado, nada seco e bem temperado, com as lascas a saírem na perfeição. A acompanhar o bacalhau uma cebolada q.b., que fez as minhas delícias, pois adoro uma boa cebolada. Para beber, fiquei-me por uma água do Luso, engarrafada em 2013, fresca e leve, só como uma água mineral pode ser...

O serviço apesar de simpático, pareceu-me um pouco lento, inclusive para pagar. Gostaria de testar o serviço ao jantar, mas tal não será possível, pelo que aguardo feedbacks dos nossos leitores a este propósito.

No que diz respeito ao preço da refeição, não tenho como entrar em grandes detalhes. Aparentemente estávamos numa promoção do Bacalhau à Braga, daí que o custo final foi aproximadamente de 15 €. Em dias normais ou ao jantar, certamente o preço será superior. 

data da visita: 20.março.2013
preço por pessoa: 15 €

Restaurante A Astoria
Praça da República, Braga
 www.facebook.com/AAstoria

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Castas e Pratos | Peso da Régua

Em andanças pelo interior do nosso Portugal, tive a oportunidade de conhecer alguns restaurantes cujas experiências tinham de ser partilhadas no "do chefe ao chef". São várias as razões para partilhar estas experiências, desde o momento vivido num fantástico restaurante de beira da estrada, até ao mais sofisticado espaço que poderia encontrar. Porém, há dois factores que quando somados constituem um denominador comum a estas experiências, a saber, o seu espaço único e a qualidade da sua comida. 

 
(ver imagem aqui)

A primeira experiência a ser aqui partilhada foi vivida no "Castas e Pratos", um restaurante situado em Peso da Régua e que, merecidamente, está presente em todos os guias gastronómicos de relevo, incluindo o último "Boa Cama, Boa Mesa 2013". Este restaurante destaca-se logo pelo seu espaço, resultado de um excelente aproveitamento e restauro de um antigo barracão da estação de comboios local. Decoração sofisticada e intimista, existe logo à entrada com um wine-bar, composto por uma mesa grande de (pareceu-me...) carvalho e com as suas paredes a revelarem uma garrafeira fantástica, não estivéssemos nós em pleno Douro Vinhateiro.

(ver imagem aqui)

Tendo tido a oportunidade de acompanhar uma comensal (a.) que aprecia o requinte da boa culinária, posso afirmar que a refeição foi quase perfeita. Um ou outro pormenor menos bem conseguido, descritos adiante, mas nada que pusesse em causa a qualidade superior dos pratos aqui confeccionados. Relativamente à nossa refeição, saltámos as entradas e, directamente, nos pratos principais a. experimentou um Salmão Gratinado com Queijo Chèvre e Espinafres em Azeite e Alho. A posta era de proporções consideráveis, porém, demasiado passada para o gosto de a. Já noutra experiência que partilhei, foi referida a questão do peixe vir bem ou mal passado, sendo que então o peixe estava mal passado. Volto a colocar a questão, se para algumas carnes nos questionam se a queremos bem ou mal passada, há alguma razão para a mesma questão não ser colocada em relação aos peixes? Enfim, voltando à refeição, os espinafres poderiam ter um sabor mais intenso, sendo que, talvez isto tenha sido propositado, de modo a combinar o seu sabor com o da rodela de chèvre que derretia ao longo do prato. Por fim, os olhos também comem e a apresentação deste prato estava muito boa.

O prato que eu provei foi um Medalhão de Bacalhau com Esmagado de Batata, Couve-Galega e Broa. O medalhão tinha uma boa proporção e era de uma qualidade excelente, com as lascas a separarem-se com um ligeiro toque do talher. O tempero estava excelente e a confecção muito boa, porém, se o bacalhau  estivesse um pouco menos seco estaria mais ao meu gosto. O sabor do azeite absorvido na broa e a couve-galega eram dignos de um parágrafo à parte, mas tenho a certeza que a paciência para o ler não seria muita.

Relativamente à sobremesa, talvez este seja o aspecto a trabalhar melhor no restaurante. A Maçã Caramelizada com Gelado de Leite Condensado e Crocante Folhado que a. experimentou não cumpriu, de todo, as expectativas geradas. O crocante e o folhado estavam demasiado compactos e maçudos para assim serem chamados, enquanto a maçã estava demasiado doce, faltando-lhe a sua a acidez característica. A minha Delícia de Ovos Moles com Gelado de Vinagre Balsâmico tinha como principal motivo de interesse o gelado, mas se este era de vinagre balsâmico, admito que não me apercebi. Parecia-me apenas um (bom) gelado de nata ligeiramente ácido. Já o doce de ovos era excelente, aquele sabor excessivamente doce que misteriosamente não se torna enjoativo, porém, o que estava lá a fazer um marshmallow?

A acompanhar esta refeição, cada um bebeu um vinho (a copo), com a. a experimentar um suave e frutado Flor das Tecedeiras (2010), enquanto que eu experimentei um intenso Quinta da Deserta (2010). Não conhecíamos qualquer um destes excelentes vinhos, que dificilmente encontramos em Lisboa. Enfim, há coisas que só se encontram mesmo nas suas regiões de origem, sendo o vinho uma delas. Garanto que não é apenas pelas belas paisagens que vale a pena vir à região vinhateira do Douro...

Por fim, uma breve nota para o serviço, cujo atendimento foi profissional e discreto, bem como, para o valor desta refeição, que se ficou sensivelmente pelos 69 euros. Por uma refeição composta por dois pratos principais, duas sobremesas e bebidas, quase todos num nível entre o bom e o muito bom, a relação qualidade-preço parece-me claramente satisfatória.

data da visita: 19.março.2013
preço por pessoa: 35 €

Restaurante Castas e Pratos
Rua José Vasques Osório
  Peso da Régua

segunda-feira, 11 de março de 2013

Block House

Sábado à noite, Centro Comercial das Amoreiras... Enquanto fazia tempo para a sessão de cinema, havia que jantar qualquer coisa. As opções de restauração neste centro comercial são limitadas, além de já as conhecer, à excepção de uma: a Block House. A imagem de um bife gigante e suculento era algo que se fazia sentir na minha mente e pelo qual, à semelhança do Homer Simpson com os donuts, salivava compulsivamente. No fear! Não há franchising que me meta medo e há que experimentar de tudo, por isso, fui a este espaço e recomendo-o, porém, não vivamente.
(imagem daqui)

Vamos por partes, para os que estão mais a leste do Centro Comercial das Amoreiras e que tendo estado no no estrangeiro, não se depararam com uma Block House, torna-se necessária uma breve explicação. A Block House é uma steak house alemã, com fortes influências alemãs na decoração e na escolha das cervejas, mas com uma ementa mais americana. Confuso? Sim, mas quando se vai a uma steak house, o que realmente conta é se o bife é bom e não se a culinária é americana, os empregados brasileiros e a decoração um mix de influências germânicas e texanas. Quanto à qualidade das refeições ali servidas, a Block House tem provas dadas, caso contrário, seria impossível na Europa e com os preços que pratica possuir mais de 40 restaurantes em sistema de franchising.

Em todo o caso, que fique claro que nada tenho contra restaurantes em franchising. Apenas considero o sistema de gestão mais difícil para uma cadeia de restaurantes, pois quando corre bem, é tudo excelente, mas quando corre mal, lentamente, corrói todo um trabalho de marketing

Como primeira experiência, por cautela e tendo em consideração a disponibilidade de massa monetária na carteira, optei por uma solução mais básica, o menú Mr. Rumpsteak. Assim, como entrada, experimentei a salada Block House, com alface, tomate, pimento, pepino, cebola e cogumelos, regada com um dito Molho Italiano, que por sua vez era composto por aromático (seja lá isso o que for...), ervas e vinagre balsâmico. Os vegetais eram frescos, isso é um facto, porém não foi a melhor salada que comi na vida, mas como aprecio muito saladas, soube-me bem e é isso que importa. Como prato principal, pedi um mal passado  bife de vitela, de boa qualidade e que incluía a necessária tira de gordura para dar sabor à carne e alimentar o pecado da gula. 250 gramas de um pedaço de carne gorduroso q.b, bem grelhado, mas escassamente condimentado. No mínimo, pedia-se um pouco mais de sal! Já basta o pão hoje em dia ser comprado insosso, quanto mais um bife, mas enfim, é preciso compreender o conceito habitual das steak house americanas, em que o tempero é ao gosto do cliente. Por incrível que pareça, o que sobressaiu nesta refeição não foi o bife, mas sim o acompanhamento que consistiu numa batata assada, confeccionada de uma maneira muito própria. Esta batata, a chamada Baked Potato com Sour Cream, tinha uma textura macia e suave que literalmente se desfazia na boca e que em conjunto com o sabor das ervas do seu molho era realmente apelativa. Na falta de tempero na carne, uma garfada de bife com um pedaço desta batata era o suficiente para estar satisfeito.

Como sobremesa, comi um gelado de baunilha com molho de chocolate quente e chantilly, sem história e pré-fabricado. Para beber, cometi o erro de pedir uma banal imperial portuguesa. Não que a combinação com o prato não resultasse, mas neste restaurante há outras opções a considerar no que diz respeito a sumos de cevada.

Enfim, tudo isto combinado com um serviço célere e um preço próximo dos 25 €, considero que há opções melhores e eventualmente mais económicas. Contudo, se estiverem no Centro Comercial das Amoreiras, a carteira o permitir e a vontade de comer um bife a sério for grande, parece-me ser uma opção melhor que a Portugália, que também existe nas Amoreiras e que hoje em dia, para mim, é apenas um enorme embuste.

data da visita: 16.janeiro.2013
preço por pessoa: 25 €

Block House
Amoreiras Shopping Center
Piso 2, loja 2044
www.block-house.pt

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Largo

Uns dias antes do Natal não resistimos em gastar o último dos nossos cartões 2por1 da Time Out e fomos até ao restaurante Largo.

(imagem do site)

O Largo fica ao lado do Teatro São Carlos, num espaço antigo, onde antigamente se situavam os antigos claustros do Convento da Igreja dos Mártires. Mais do que um excelente trabalho de restauração, todo o espaço foi convertido num restaurante amplo e moderno, cuja decoração é sóbria e com muito bom gosto. Numa das paredes existe um aquário com medusas, iluminado a LED colorido, que traz um excelente pormenor à decoração. É um restaurante em que se conjuga o design com aspectos da construção original  como as clássicas abóbadas de pedra.

(imagem do site)

Ao analisar a carta percebe-se que o Largo é um restaurante que, apesar do seu posicionamento de preços elevados, permite uma opção mais "económica" através da escolha de um menu de entrada e prato principal, escolhidos entre os vários disponíveis. Ao invés dos típicos menus de degustação, que normalmente não admitem escolhas ou trocas de pratos, ou dos menus "à escolha do chef", que são surpresa, este tipo de menus é bastante mais simples, mas, ao mesmo tempo, mais adequado à realidade da restauração portuguesa.

Claro que tanta flexibilidade resultou numa maior demora para decidirmos sobre o que queríamos jantar, mas aqui notou-se logo a boa qualidade do serviço, pela simpatia e profissionalismo demonstrados pelos empregados junto de uma mesa indecisa.

Assim, depois de muito pensar, g. escolheu como entrada Trio de Peixes, composto por Robalo, Salmão Curado e Tártaro de Carapau. Esta entrada de influência oriental é fresca e é uma óptima forma de iniciar uma refeição, uma vez que os três peixes são servidos crus, o que é uma surpresa muito agradável, em especial, o tártaro de carapau (que normalmente não é servido cru)d. e j., foram incapazes de resistir às Trouxas de Chêvre com Tomate, Mel e Alfaces, o que foi uma excelente decisão. As trouxas, feitas com uma massa muito fina e estaladiça, estavam tentadoras e a já conhecida ligação entre o queijo chévre com tomate e mel como seria de esperar, equilibrada e deliciosa. Infelizmente, nem tudo foi excelente no capítulo das entradas e o muito ansiado Soufflé de Lavagante e Espargos Verdes com Bisque, escolhido por f. revelou-se uma desilusão. Um soufflé é um desafio para qualquer cozinheiro, pois, com os melhores ingredientes ou com as sobras do dia anterior, é possível fazer um grande prato ou uma grande papa. Neste caso, o sabor era bom, porém a consistência não foi a melhor, uma vez que o interior do soufflé parecia, demasiado, uma sopa.

Nos pratos principais, j. experimentou um Bife do Lombo Charolês com molho Queijo de Azeitão sobre Espinafres. Só o nome já nos deixa com água na boca. A carne estava tenra e bem temperada, ainda um pouco mais mal passada que o pedido. O molho era forte (é só mesmo para quem gosta muito de queijo, que é o caso de j.), mas não se sobrepunha ao sabor da carne, sendo, talvez, este o aspecto que mais beneficiou o prato. Os espinafres, simples, salteados, desenjoavam, sendo um acompanhamento adequado.
d. escolheu um Cachaço do Porco Ibérico com Migas de Batata-Doce e Espinafre, tendo algumas dúvidas sobre se gostava desta peça de carne. Porém, as migas de batata-doce e espinafre é que a levaram a decidir por este prato. Estava muito bem confeccionado, a carne estava muito tenra e as migas com os sabores da batata-doce e do espinafre muito bem equilibrados. O problema desta peça de carne está na sua gordura, o que leva d. a pensar duas vezes sobre se voltava a repetir o prato.
O Risotto de Sapateira com Camarão Salteado foi a escolha de g. que surpreendeu pelo positiva. Por norma g. não pede Risottos por os considerar enjoativo e demasiado fortes, mas este prato, apesar de o intenso sabor a marisco, estava muito equilibrado não sendo difícil terminar o prato. O Camarão salteado estava no ponto certo, sendo o acompanhamento ideal para este risotto.
f. resolveu optar por experimentalismos e escolheu um prato de carne de Veado, pois nunca tinha provado. A carne estava mal passada como f. gosta, muito bem temperada e o seu sabor assemelhava-se à de vaca, porém a sua consistência era totalmente diferente e perceptível à vista. Não era certamente o pedaço de carne mais tenro que havia na mesa, mas era consistente e muito bom, algo a repetir para tirar quaisquer dúvidas que ainda existam.

A carta de sobremesas, apesar de mais curta, também não permitiu uma escolha simples... à excepção de f., que escolheu o seu adorado Pudim Abade Priscos, feito da maneira correcta, ou seja, com banha de porco. Esta sobremesa não é consensual, porém f. considera-a, simplesmente, divinal e, neste caso, o pudim estava melhor do que alguns que provou no Minho (de onde este doce é proveniente). Para terminar a sua refeição, e conhecendo o seu gosto por chocolate, g. não teve dificuldade em optar pela Mousse de Chocolate a Zero Graus, com Creme de Avelã. Esta sobremesa, tal como o nome indica, é uma mousse de chocolate, suave e deliciosa servida a uma temperatura muito baixa (mas não é um gelado), com um muito saboroso creme de avelã, criando a combinação perfeita para fechar a refeição. d. e j. optaram pelo Gratinado de Maçã e Creme de Baunilha, uma sobremesa "simples mas eficaz", com um bom equilíbrio entre o estaladiço crumble de maçã e a textura suave do creme, que, apesar de não surpreender, encerrou bem a refeição. 

Para acompanhar, escolhemos o vinho da casa a copo, um tinto do lote Miguel Castro e Silva (chef do restaurante). Bom e intenso, sem ser agressivo. A carta de vinhos pareceu-nos um tanto ou quanto curta... Uma nota negativa, mais uma vez, para a questão da água. O Largo é mais um dos restaurantes que optou por vender água da torneira filtrada, em garrafas de marca Largo, sem oferecer a opção de escolha entre esta água e a água mineral engarrafada. Enfim, é uma estratégia comercial, mas 6,80 € por duas garrafas de água é abusivo e uma opção que nos custa a compreender. Definitivamente, temos que passar a perguntar qual o tipo de água que nos vão servir, porque já começámos a perceber que se não o fizermos, ninguém nos vai dizer...

Para terminar, a experiência foi muito positiva, sendo o Largo um restaurante que marcamos como uma sugestão para quem procura uma refeição num ambiente de classe, com um bom serviço e muito boa comida.

data da visita: 21.dez.2012
preço por pessoa: 23,70 € (com o desconto dois por um)
preço por pessoa: 42,70 € (sem o desconto dois por um)

Restaurante Largo
Rua Serpa Pinto, 10, Lisboa

domingo, 13 de janeiro de 2013

Arola

Um dos restaurantes que mais tínhamos curiosidade em experimentar fez-nos deixar o "eixo Príncipe Real-Rato-Marquês de Pombal" e rumar a Sintra, mais precisamente ao Penha Longa Hotel & Golf Resort. Neste cenário fantástico, na misteriosa serra de Sintra, localiza-se o restaurante Arola. 

(imagem do site)

Haverá melhor cenário para o "jantar de despedida" de um dos nossos bloggers que decidiu aventurar-se por novas paragens? Talvez... se em vez de jantar tivesse sido almoço, ou se estivéssemos no Verão e fosse dia até mais tarde, de certeza aproveitaríamos muito melhor a paisagem.

Para quem não sabe, o restaurante Arola é dirigido pelo prestigiado chef catalão Sergi Arola, conhecido por ser um dos discípulos favoritos de Ferran Adriá (de acordo com o próprio Ferran Adriá) e pelas suas duas estrelas Michelin (alcançadas no seu restaurante em Madrid). Sergi Arola possui 5 restaurantes, sendo o Arola o seu primeiro restaurante fora de Espanha.

Introduções à parte, lá fomos nós cheios de expectativas. 

Chegar ao resort é fácil, mas encontrar o restaurante não é. Após passarmos a entrada, não existem indicações claras... ou pelo menos nós não vimos. Depois de andarmos ligeiramente perdidos, no meio do verde e do escuro, optámos por nos dirigir à recepção do hotel. Felizmente, o restaurante não é longe, situando-se num edifício anexo ao principal... deixámos o carro e fizemos o resto do percurso a pé, aguentando o clima característico da serra de Sintra. 

(imagem do site - o Arola localiza-se no edifício que está no centro da imagem, em baixo)

A decoração do restaurante correspondeu as nossas expectativas oferecendo um ambiente calmo, muito elegante e ao mesmo tempo descontraído, que respira glamour e bem estar. A cor predominante é o branco, com uns apontamentos de luz colorida. Destacam-se a enorme e reconhecida garrafeira e a bonita vista para o campo de golfe e para a serra de Sintra. Tudo convida a uma refeição sem pressas, ao convívio e à partilha (a partilha era o conceito inicial deste restaurante, mas, de acordo com  Sergi Arola numa entrevista à Time Out, o mesmo não tem sido bem percebido pelo público português). No que a nós diz respeito, viva a partilha... de experiências e de comida.

(imagem daqui)

Optámos, mais uma vez, pelo menu de degustação, escolhendo o Arola Classic (que, no mínimo, tem de ser escolhido por duas pessoas). Sendo o restaurante dirigido por um chef espanhol, o menu apresenta, como seria de esperar, claras influências dos nuestros hermanos, quer na forma de cozinhar os alimentos, quer nos ingredientes. 

Antes de entrarmos na refeição, um apontamento para os entretens de boca... foram servidos na mesa um cesto com pão torrado, tomates-cereja e alhos (inteiros) e uma garrafa de azeite. A ideia é esfregar o alho  no pão, colocar o tomate (de preferência cortado) por cima, temperar com um pouco de sal e pimenta e regar com azeite. A ideia é boa, até fantástica... para fazer em casa - se calhar somos um pouco esquisitos, é verdade, mas ficar com o cheiro de alho nas mãos não nos pareceu uma boa opção.

O menu de degustação começou com quatro entradas para partilhar...

Beringela assada na brasa, temperada com azeite, redução de vinagre balsâmico e pinhões.
Entre nós, f. foi o único que gostou desta entrada, pelo seu contraste de sabores... para os restantes, tanto o sabor como a textura eram estranhos e pouco agradáveis.

Lascas de porco ibérico com maçã, pistácios e queijo parmesão.
Uma leve e fresca combinação de sabores fez com que esta entrada fosse, por nós, eleita como a melhor das quatro. Quem é fã de enchidos sabe que há poucas coisas melhores que porco preto ibérico e estas fatias confirmaram-no. A maçã deu a doçura ao prato, o parmesão o tempero e os pistácios a textura.

Batatas bravas, com molho de tomate picante e aioli.
As batatas bravas são um dos pratos tradicionalmente servidos como tapas. Para explicar, as batatas bravas são normalmente batatas fritas envoltas num molho de azeite, malagueta,  pimentão doce e vinagre, sendo, por vezes, acompanhadas por um aioli de azeite e alho (não verificámos a receita "mais tradicional", mas é mais ou menos isto). São "bravas" por serem picantes. Nesta entrada, o picante não era muito, o que tornou os sabores bastante mais equilibrados e adaptados aos nossos paladares, tornando a típica tapa espanhola bastante mais apetecível.

Calamares com aioli.
Esta entrada também não foi do agrado de todos, pois o sabor "a frito" sobrepôs-se, por vezes, a tudo o resto. Em alguns pedaços, os calamares estavam cortados demasiado finos, pelo que o seu sabor era praticamente anulado pelo sabor da "massa frita". Pelo lado positivo, nos melhores pedaços, sentia-se o sabor pretendido, com uma textura estaladiça irresistível. O molho talvez pudesse ser um pouco mais forte.

Os pratos principais foram dois, igualmente saborosos, mas pouco memoráveis.

Fideuà com bacalhau salteado e coentros frescos.
O fideuà é uma variação da famosa paella espanhola. As principais diferenças são a substituição do arroz por massa e a utilização exclusiva de peixe e marisco como ingredientes. O prato tinha um excelente textura e tempero, mas não surpreende, porque não deixa de ser uma "massada de marisco" (ainda que muito bem confeccionada). Para quem já provou este prato em Espanha, em qualquer café de esquina, a comparação é inevitável e o prato do Arola não se distingue assim tanto. Destaca-se o bacalhau (fresco) que estava no ponto.

Entrecôte de vitela, com "bombetas" de tomate cherry e texturas de milho.
A carne estava tenra e saborosa e as texturas de milho (puré e pequenas tiras fritas) trazem alguma graça ao prato. Porém, à semelhança do prato anterior, apesar de extremamente bem confeccionado, não surpreendeu.

Para terminar foi servida uma copa catalana com creme de bolacha e sorbet de laranja, esta sim, merecedora de um grande elogio. Esta mistura que, à partida, pode parecer inusitada ou até enjoativa, revelou-se inesperada, sendo uma sobremesa doce e refrescante ao mesmo tempo. Sem dúvida, final perfeito para o jantar.

Como já referimos, a garrafeira do Arola é extensa, reconhecida e (muito) cara... talvez por isso seja apresentada às mesas num iPad. A ideia é gira, mas a escolha do vinho acaba por se tornar mais demorada uma vez que todos os vinhos contêm uma pequena descrição que se acaba por ler. Optámos por um Marquês de Borba (branco) de 2011. Era fresco, mas nada mais do que isso, não sendo uma boa relação qualidade-preço.

Quanto ao atendimento, nada de extraordinário a referir... sem nenhuma falha a assinalar e sempre com o nível de atenção e simpatia que se espera de um restaurante como o Arola. O serviço teria suplantado as expectativas, caso nos tivessem sugerido um vinho para acompanhar o menu de degustação, especialmente tendo em consideração a extensa carta de vinhos (mas é verdade que nós também não perguntámos).

O Arola merece a visita por toda paisagem idílica envolvente e por todo o ambiente do próprio espaço. A comida é boa, muito bem confeccionada, mas não surpreendente. Mais uma vez, no que à comida diz respeito, as expectativas foram superiores à realidade, mas nada de grave.
Recomendamos a ida durante o dia, com luz natural, para que possam tirar todo o partido do cenário da serra (provavelmente voltaremos nesta condição) e relembramos que deverão reservar o devido espaço para a sobremesa.

data da visita: 01.setembro.2012
preço por pessoa: 29 € (com o desconto dois por um)

Restaurante Arola
Penha Longa Hotel Spa & Golf Resort
Estrada da Lagoa Azul, Sintra