Talvez... um dos melhores restaurantes de Lisboa...
Como tudo na vida, nada como começar o do chefe ao chef com o “pé direito”. Por esta razão, quisemos, em equipa, iniciar este espaço com um post sobre o badalado Restaurante Bocca, para muitos o melhor restaurante de Lisboa. Para tal, aproveitámos a promoção da revista Time Out e experimentámos o menu de degustação “Nas Calmas”.
Começámos a refeição com um fresco e doce carpaccio de melão e salmão, servido como amuse bouche. Na nossa opinião, este é um dos elementos diferenciadores de um restaurante deste tipo pela criatividade exigida na criação destes “diverte-bocas", diferentes todos os dias.
O Salmão, a Maçã Granny Smith e as Ervas Finas
Esta entrada é um óptimo exemplo de cozinha inteligente e muito bem pensada. Aqui uma entrada não é apenas algo para matar o tempo enquanto o prato principal não chega. O salmão curado com ervas, na vichyssoise de maçã e seu sorbet, com pedaços de maçã caramelizada marcaram o início de uma refeição recheada de sabores muito bem combinados, que nos transportaram para um admirável mundo novo. Depois desta entrada as expectativas ficaram elevadas para os restantes pratos.
O Pato Mudo e o Ananás de São Miguel
Um carpaccio de pato, polvilhado com pequenos pedaços de chalota e cebolinho, pontuado com um chutney de ananás. Uma mistura inesperada de sabores, que resulta muito bem, entre o agridoce do chutney e a simplicidade das chalotas e do cebolinho, que permite esquecer que estamos a comer carne crua (que há quem não aprecie).
De salientar a excelente apresentação, empratado sobre uma pedra negra (lousa, talvez?), que lhe confere o título do look mais original deste menu de degustação. Infelizmente não encontrámos uma foto.
O Pregado, o Pinhão e o Mexilhão
Talvez este tenha sido o ponto fraco do menu de degustação. Vamos por partes, o pregado estava bem cozinhado, com uma agradável textura e um suave toque de sal a não permitir aquele sabor a peixe cozido insosso. A ligação com o molho de mexilhão e a ligeira acidez dos cogumelos shimeji foi perfeita, conferindo um sabor agradável ao pregado.
Contudo, os pinhões estavam a mais, retirando sabor ao prato, quando ingeridos com os restantes elementos que o compunham. A apresentação era pobre e com pouca cor, sendo que este pormenor teria sido resolvido com um ou dois vegetais mais coloridos. Por fim, a quantidade é algo a rever no futuro. Sabemos que o Bocca é um restaurante “nouvelle cousine português” e que estivemos perante um menu de degustação, porém, quando comparado com o carpaccio de pato, a quantidade neste prato era menor. Noutras circunstâncias seria uma entrada perfeita!
O Arroz Doce
Terminámos o menu com uma sobremesa que, apesar do nome, reinventa totalmente o tradicional Arroz Doce. É servida com uma bola de gelado de limão, sobre a qual é deitado um creme de arroz doce, decorada com uma estaladiça bolacha de canela. Como seria de esperar, o resultado foi óptimo. O contraste entre o amargo e o doce resultam na perfeição, transformando uma sobremesa banal de arroz com açúcar em algo inovador. Ao mesmo tempo, consegue manter a identidade própria do arroz doce, uma vez que o sabor está sempre presente, não nos fazendo esquecer a tão conhecida e popular sobremesa de que todos nós gostamos.
O Vinho
O vinho que “escoltou” este menu foi um suave e fresco Esporão Reserva 2009 (Branco), tendo cumprido com competência a sua função. A suavidade e aroma deste vinho acompanharam bem os pratos que foram sendo servidos, em particular o pregado. O último gole deste Esporão permitiu ainda limpar o palato para a sobremesa.
Atendimento, Serviço e Ambiente
O atendimento foi, como se esperava, altamente profissional, embora a início tenhamos receado ligeiramente a antipatia / arrogância do pessoal de sala sobre a qual tanto se fala por aí. Na nossa experiência, não passou de um mito (e ainda bem). Embora o nível de simpatia varie com a pessoa, fomos sempre bem atendidos e houve sempre disponibilidade para explicar a composição dos pratos. A abordagem final pelo gerente, questionando a mesa sobre se tudo tinha corrido conforme esperado, é um dos pormenores que confere ao Bocca o título de “luxo”. No entanto, fica a dúvida - caso a nossa apreciação / reacção a algum aspecto do menu tivesse sido menos positiva, será que se mantinha a simpatia no atendimento? Excelente, o pormenor de em alguns pontos do restaurante podermos satisfazer a nossa curiosidade e espreitar para a cozinha, para ver os chefs em acção.
Em dia de promoção Time Out, que valeu bem a pena aproveitar, há, no entanto, que estar preparado - de certeza que irão estar presentes na sala outros clientes não informados sobre o que é um restaurante como o Bocca. Isto proporciona alguns momentos divertidos, e outros de vergonha alheia. O Bocca é um restaurante de cozinha de autor, e não um daqueles restaurantes onde podemos chegar e pedir para alterar todos os pratos ao nosso gosto. A experiência vale por nos deixarmos ir na corrente daquilo que o chef recomenda e apreciar as misturas de sabores proporcionadas pelos menus.
data da visita: 29.julho.2011
preço por pessoa: 53 € (com o desconto Time Out ficou por 30 €)
referente a: couvert, menu de degustação “Nas Calmas”
esporão reserva 2009 e água
referente a: couvert, menu de degustação “Nas Calmas”
esporão reserva 2009 e água
Bocca Restaurante.Bar
Rua Rodrigo da Fonseca, 87 D, Lisboa
Mais um que fechou em 30-06-2012!!!
ResponderEliminarSim, uma triste notícia que partilhamos na nossa página do Facebook. Mas nada é estático e novos espaços com a qualidade do Bocca hão-de voltar a aparecer em Lisboa, isto sem contar com outros que continuam a funcionar.
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