segunda-feira, 22 de abril de 2013

Can the Can

Num almoço de empresa fui visitar o novíssimo Can The Can.

(imagem daqui)

Extremamente bem localizado, na Ala Nascente do Terreiro do Paço, este restaurante tem o conceito de "comida enlatada gourmet" - ou seja, apresentam pratos gourmet baseados na tradição das conservas portuguesas.

Uma marca muito bem construída à volta do simples conceito de "enlatados", que desenha bem a história do restaurante e que culmina numa decoração original do espaço - dois andares, pé direito muito alto e muitas aplicações de latas por toda a decoração.

Assim que chegámos foi-nos servido o couvert, composto muito simplesmente por azeitonas, pão e azeite com vinagre balsâmico. Sendo um almoço com muita gente, naturalmente teremos causado alguma azáfama ao serviço de sala e de cozinha, mas este até foi rápido tendo em conta a quantidade de pessoas na nossa mesa. Fomos inclusivamente atendidos pelo dono da casa, que foi cortês e atencioso mas, infelizmente, nem sempre simpático, havendo até um episódio de um comentário bastante desnecessário a uma das senhoras à mesa que me vou escusar a detalhar aqui.

Apesar da oferta em conservas, acabei por não resistir em pedir um Hamburguer em Bolo do Caco para a refeição, pois já era tarde e a fome apertava. Para além disso, ao analisar a lista, pareceu-me também uma melhor opção em termos de preço, o que explica o facto de ter sido a escolha de muitos de nós. O hamburguer veio acompanhado de batata frita servida num púcaro (que é engraçado embora já não seja original), e molhos de maionese e de mostarda de frutos vermelhos, que eram muito bons. O bolo do caco era bom (se bem que eu nunca tinha experimentado, portanto não sei comparar com o original), mas o hamburguer, apesar de ser de dimensão adequada, estava demasiado passado, tornando a carne muito seca. Valeu a imperial fresquinha que acompanhou a refeição. Sem apetite para mais, terminei com uma simples bica.

Parecendo um almoço extremamente simples, e, apesar de sermos muitos e de haver um ou outro que decidiu beber um copo de vinho (garanto que não foi a opção da maioria da mesa, que se decidiu por refrigerantes ou imperiais), e sendo que ninguém pediu sobremesa, o preço de 17,50€ por pessoa é - como dizer? - absurdo. Ainda se a qualidade da refeição o justificasse, mas, infelizmente, nem é esse o caso.

Enfim, uma experiência vale sempre por si só, mas fiquei com a certeza que o Can The Can não passa de um restaurante para turistas, aqueles que os locais normalmente recomendam evitar por serem extremamente caros. Aliás, se dúvidas houvesse que este restaurante foi concebido só para turistas, basta visitar o site, que apresenta primeiro a língua inglesa e só depois a portuguesa. Não que haja algum mal em conceber um spot exclusivamente turístico, mas o restaurante continua a ser em Lisboa e deve tentar encontrar um equilíbrio entre esse objectivo e o enquadramento local - não se pode desvalorizar a opinião local, até porque cá por Portugal também já temos internet e até utilizamos muito sites como o TripAdvisor.

Uma nota final para a agenda musical que o restaurante tem, com noites de fado, que poderão fazer a visita valer a pena.

data da visita: 05.abril.2013
preço por pessoa: 17,50 €

Can the Can Lisboa
Terreiro do Paço, 82/83, Lisboa
http://canthecanlisboa.com/

2 comentários:

  1. Obrigado pelo post e análise do Can the Can. Ir ao nosso restaurante e comer hamburger é como ir à cervejaria e comer tremoços. O hamburger é de facto comida para turista, tipo "must have", mas tirando o "demasiado passado", é um must. Tenho a certeza que foram questionados sobre o velho "bem ou mal passado", mas já não tenho a certeza se a preferência foi cumprida. Pode-se ter dado o caso da velha anedota do empregado e da torrada. O Rui Pregal pode ter mau feitio, o dele, mas é-o sempre de forma de certa maneira engraçada. Deselegante ou inoportuno, nunca.
    Em resumo, sugiro um regresso para provar coisas que devem servir para nos avaliar correctamente: Muxama de atum; Cogumelo de Portubello com truta fumada, Cavala alimada com puré de batata doce, salada de ventresca de atum, mexilhão do pomar couscus de frutos vermelhos, enfim algo compatível com o nosso conceito. O nosso hamburger custa 9,80€ ou 10,40€ consoante seja com queijo da ilha. Não consigo chegar portanto aos 17,50€. Sobre a recomendação "para comer há muitas mais opções, igualmente à mão de semear, muito melhores e muito mais em conta." não posso discordar mais consigo. Sugiro mesmo um regresso e uma conversa com o Rui ou o chefe Akis, que são bem simpáticos e lhe vão concerteza fazer mudar de opinião. E nada de hamburgers desta vez, a não ser para comprovar que, mal passado, é delicioso. Victor Vicente.

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  2. Olá, Caro Vítor!
    Desde já, agradeço novamente o cuidado de ter vindo partilhar a vossa opinião relativamente a este nosso post.
    Replico aqui o que já dissemos anteriormente na nossa conversa no facebook, para que seja do conhecimento de todos:
    "Sobre o ponto de cozedura do hamburguer, fomos questionados, sim, mas tal como prevê, o pedido não foi cumprido. Compreendo que tenham de ter oferta diferenciada na vossa carta, mas se entendem que é um pedido que não se deve fazer, então porquê tê-lo na carta de todo?
    Quanto a feitios, todos temos o nosso, mas este nunca devia afectar o serviço ao cliente."
    [Acrescento ainda que também tive dificuldade em compreender o preço final, mesmo tendo sido um almoço de grupo, não vi nada que tenha sido servido à nossa mesa que tenha justificado aquele valor...]
    "Se a oportunidade surgir, teremos todo o gosto em tentar novamente, e faremos por escolher um dos pratos estrela da ementa.
    Esperemos que entendam o nosso post como uma crítica construtiva de onde poderão retirar pontos de melhoria, pois é apenas isso que se trata. Um novo negócio tem sempre situações onde poderá melhorar e optimizar a sua operação. Desejamos todo o sucesso para a vossa iniciativa."

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