quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Taberna Ideal

As tabernas estão na moda... mas não, não são aquelas do tempo dos nossos avós, com o balcão de pedra e o cheiro a vinho... as novas tabernas são modernas, originais e descontraídas, têm bons petiscos e pessoas de todas as idades. Existem várias, para todos os gostos e para todos os preços. Já escrevi sobre a Taberna Tosca, que foi uma surpresa para mim, o f. já escreveu sobre a 1300 Taberna, mais recente e inovadora, e hoje escrevo sobre a minha favorita (até agora).
A Taberna Ideal foi uma das pioneiras deste conceito reinventado. Existe desde Outubro de 2008 e é o espaço perfeito para um jantar de amigos, sendo por isso a escolha óbvia para apresentar aos meus amigos brasileiros de visita a Lisboa de forma a tentar “competir" com o que eles me apresentaram no Rio de Janeiro. 

Sendo esta a minha terceira visita à Taberna Ideal, sabia que tinha que fazer a reserva com antecedência, sabia que tinha que escolher entre um dos dois horários disponíveis para jantar (20h00 ou 22h30) e sabia que tinha que levar dinheiro por não existir multibanco. Parece estranho? É um bocadinho, mas são regras explicadas, de imediato, no momento em que telefonamos para reservar a mesa. Só aceita quem quer e quem não quer não vai. Confesso que o que mais me irrita são os horários fixos e, principalmente, porque se reservarmos o horário das 20h00, temos que deixar a mesa às 22h15. Dá mais do que tempo para um jantar a dois, mas quando o jantar é a 3, 4 ou 5, a pressão existe. Não por culpa do restaurante, pois o serviço é muito rápido e organizado, mas porque as conversas são como as cerejas e quando estamos entre amigos, mais do que jantar, queremos conviver. Anyway… o meu conselho é que não se atrasem, por isso, às 20h em ponto lá estávamos nós. Eventualmente, se escolherem o horário das 22h30, a pressão é menor. Nunca experimentei, porque me parece muito tarde para jantar.

Fomos recebidos pelo João, que se apresentou, nos tratou por tu e nos pediu para o chamarmos pelo nome. De seguida, apresentou-nos o menu, que está escrito numa das paredes e cujos pratos (alguns) podem variar, orientando-nos nas quantidades que deveríamos pedir (recomendo que sigam as sugestões, porque são acertadas). Esta forma de tratamento é “regra” na Taberna Ideal... das três vezes foi assim e fui sempre atendida por pessoas diferentes.

O espaço é acolhedor e a decoração original. Cada elemento do restaurante é diferente dos restantes... cadeiras, mesas, pratos, copos, talheres, todos parecem comprados 1 a 1, sem relação aparente e saídos directamente de antiquários. O resultado é agradável e descontraído.
(imagem daqui)

A comida na Taberna Ideal pode ser considerada tradicional, com algumas alterações, mas é, principalmente, consistente. Em todas as vezes que visitei a Taberna Ideal e entre os vários pratos que provei, os ingredientes utilizados, a forma como a comida é cozinhada, servida e apresentada, seguem sempre os mesmos princípios. Bem confeccionada e de sabores equilibrados, muito bem servida e sempre como se fosse um (grande) petisco. Os ingredientes e as técnicas utilizadas são tradicionais, no entanto, na minha opinião, não considero que os pratos apresentados o sejam. Um petisco tradicional é uma tábua de enchidos, uma patanisca de bacalhau ou um prato de pica-pau… na Taberna Ideal existe bife tártaro, bacalhau servido em massa folhada e tibornas modernas (por exemplo). Claro que o que torna a Taberna Ideal diferente é, exactamente, isto… o saber trabalhar bem e de forma diferente, os nossos ingredientes nacionais e tradicionais. 

Pegando no exemplo das tibornas (talvez os pratos mais famosos deste espaço) estas são tradicionalmente fatias de pão alentejano acabado de sair do forno, regadas com azeite de qualidade, polvilhadas com sal ou açúcar… na Taberna Ideal, são servidas com outros ingredientes, sendo a minha favorita com queijo de cabra, mel e alecrim. Deliciosa.

Na lista dos favoritos, destacam-se ainda os ovos mexidos com alheira de caça, os picos da matança e os cogumelos selvagens com castanhas. Os ovos mexidos com farinheira são já um petisco bastante conhecido, neste caso, a opção pela alheira de caça, é bastante mais feliz, uma vez que a carne “selvagem” é bastante mais saborosa. Os picos da matança são um prato “pesado”, pois a carne de porco é consideravelmente condimentada, no entanto, o sabor é muito agradável. Por fim, sugiro que experimentem os cogumelos selvagens com castanhas, pois apesar desta não ser uma forma habitual de se comerem castanhas, e não sendo eu grande fã, é uma excelente forma de se comerem cogumelos.

Na Taberna Ideal, a minha opção foi quase sempre (apenas) para as tibornas e para os petiscos, no entanto, também existem saladas e pratos principais. Seja qual for a opção, o objectivo é partilhar.

Eu gosto deste sítio. Talvez seja dos poucos restaurantes onde eu sou capaz de voltar vezes sem conta. A comida é óptima, o preço é ajustado e o ambiente é agradável. Adoro o conceito da partilha e do convívio à mesa, ainda que, neste caso, seja um pouco “à pressa”.

data da visita: última visita em maio.2012
preço por pessoa: 15 € (em média)

Taberna Ideal
Rua da Esperança, 112-114
Santos, Lisboa