segunda-feira, 8 de abril de 2013

Castas e Pratos | Peso da Régua

Em andanças pelo interior do nosso Portugal, tive a oportunidade de conhecer alguns restaurantes cujas experiências tinham de ser partilhadas no "do chefe ao chef". São várias as razões para partilhar estas experiências, desde o momento vivido num fantástico restaurante de beira da estrada, até ao mais sofisticado espaço que poderia encontrar. Porém, há dois factores que quando somados constituem um denominador comum a estas experiências, a saber, o seu espaço único e a qualidade da sua comida. 

 
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A primeira experiência a ser aqui partilhada foi vivida no "Castas e Pratos", um restaurante situado em Peso da Régua e que, merecidamente, está presente em todos os guias gastronómicos de relevo, incluindo o último "Boa Cama, Boa Mesa 2013". Este restaurante destaca-se logo pelo seu espaço, resultado de um excelente aproveitamento e restauro de um antigo barracão da estação de comboios local. Decoração sofisticada e intimista, existe logo à entrada com um wine-bar, composto por uma mesa grande de (pareceu-me...) carvalho e com as suas paredes a revelarem uma garrafeira fantástica, não estivéssemos nós em pleno Douro Vinhateiro.

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Tendo tido a oportunidade de acompanhar uma comensal (a.) que aprecia o requinte da boa culinária, posso afirmar que a refeição foi quase perfeita. Um ou outro pormenor menos bem conseguido, descritos adiante, mas nada que pusesse em causa a qualidade superior dos pratos aqui confeccionados. Relativamente à nossa refeição, saltámos as entradas e, directamente, nos pratos principais a. experimentou um Salmão Gratinado com Queijo Chèvre e Espinafres em Azeite e Alho. A posta era de proporções consideráveis, porém, demasiado passada para o gosto de a. Já noutra experiência que partilhei, foi referida a questão do peixe vir bem ou mal passado, sendo que então o peixe estava mal passado. Volto a colocar a questão, se para algumas carnes nos questionam se a queremos bem ou mal passada, há alguma razão para a mesma questão não ser colocada em relação aos peixes? Enfim, voltando à refeição, os espinafres poderiam ter um sabor mais intenso, sendo que, talvez isto tenha sido propositado, de modo a combinar o seu sabor com o da rodela de chèvre que derretia ao longo do prato. Por fim, os olhos também comem e a apresentação deste prato estava muito boa.

O prato que eu provei foi um Medalhão de Bacalhau com Esmagado de Batata, Couve-Galega e Broa. O medalhão tinha uma boa proporção e era de uma qualidade excelente, com as lascas a separarem-se com um ligeiro toque do talher. O tempero estava excelente e a confecção muito boa, porém, se o bacalhau  estivesse um pouco menos seco estaria mais ao meu gosto. O sabor do azeite absorvido na broa e a couve-galega eram dignos de um parágrafo à parte, mas tenho a certeza que a paciência para o ler não seria muita.

Relativamente à sobremesa, talvez este seja o aspecto a trabalhar melhor no restaurante. A Maçã Caramelizada com Gelado de Leite Condensado e Crocante Folhado que a. experimentou não cumpriu, de todo, as expectativas geradas. O crocante e o folhado estavam demasiado compactos e maçudos para assim serem chamados, enquanto a maçã estava demasiado doce, faltando-lhe a sua a acidez característica. A minha Delícia de Ovos Moles com Gelado de Vinagre Balsâmico tinha como principal motivo de interesse o gelado, mas se este era de vinagre balsâmico, admito que não me apercebi. Parecia-me apenas um (bom) gelado de nata ligeiramente ácido. Já o doce de ovos era excelente, aquele sabor excessivamente doce que misteriosamente não se torna enjoativo, porém, o que estava lá a fazer um marshmallow?

A acompanhar esta refeição, cada um bebeu um vinho (a copo), com a. a experimentar um suave e frutado Flor das Tecedeiras (2010), enquanto que eu experimentei um intenso Quinta da Deserta (2010). Não conhecíamos qualquer um destes excelentes vinhos, que dificilmente encontramos em Lisboa. Enfim, há coisas que só se encontram mesmo nas suas regiões de origem, sendo o vinho uma delas. Garanto que não é apenas pelas belas paisagens que vale a pena vir à região vinhateira do Douro...

Por fim, uma breve nota para o serviço, cujo atendimento foi profissional e discreto, bem como, para o valor desta refeição, que se ficou sensivelmente pelos 69 euros. Por uma refeição composta por dois pratos principais, duas sobremesas e bebidas, quase todos num nível entre o bom e o muito bom, a relação qualidade-preço parece-me claramente satisfatória.

data da visita: 19.março.2013
preço por pessoa: 35 €

Restaurante Castas e Pratos
Rua José Vasques Osório
  Peso da Régua

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