domingo, 25 de novembro de 2012

Pastelaria Versailles

A Versailles é uma daquelas grandes e elegantes pastelarias/cafés/restaurantes, que durante décadas marcaram o ritmo social das grandes cidades europeias, à nossa escala, Lisboa e Porto. A evolução dos tempos fez com que em Portugal, alguns destes estabelecimentos fechassem, mas outros, como a Versailles não só resistiram, como ficaram mais fortes. E ainda bem que assim foi. A beleza da sua decoração estilo Arte Nova, os seus mármores, a classe e bom estado das suas madeiras nobres, o seu relógio ao centro de um móvel (clássico, muito clássico) de exposição de bebidas e um balcão comprido que expõem uma oferta de doces de pastelaria tentadores, tudo isto encontra-se disponível a qualquer um que lá queira entrar. Seria uma pena, que este património da cidade de Lisboa se perdesse num qualquer estabelecimento de fast food.
Para aqueles que como eu, ainda não aderiram ao tupperware ao almoço (veremos em 2013...) e por acaso trabalham em Lisboa, na zona do Saldanha, a Versailles pode não ser uma opção diária, mas é certamente uma opção a considerar. É certo que na Versailles não existem menus de almoço a 5 €, com sacrifício das margens de lucro e principalmente para a qualidade das refeições, pelo que a opção diária por este estabelecimento, obriga a uma situação financeira cómoda. Para mim, não há grandes problemas, pois sou parcimonioso nos meus almoços. Uma sopa/sandes, uma água 0,33cl e (ah malucooo!) um salgado/pastel e pronto, fico satisfeito para o resto da tarde.

Assim, com esta rotina e proximidade do meu trabalho à Versailles, resolvi aplicar nesta famosa pastelaria de Lisboa os meus hábitos alimentares diários e partilhar mais esta experiência.

À hora de almoço, a Versailles costuma estar entre a meia-casa e casa cheia, pelo menos no que diz respeito às mesas. O seu público-alvo são as pessoas que trabalham naquela zona, desde os bancários lá do sítio, aos consultores seniores das proximidades e até presidentes de bancos ou juízes mais mediáticos. Ao balcão, encontram-se aqueles que apenas se querem despachar ao almoço, sem contudo comer mal. Qualquer um destes clientes é sempre servido de forma rápida, simpática q.b. e com alguns pormenores que diferenciam este estabelecimento de outros. Por exemplo, quantas vezes vos foi servido num pires à parte, um garfo próprio para comer um croquete ou uma colher de café para comer um pastel de nata?

Por falar em croquete, este salgado é um ícone da Versailles. Segundo eles, é feito da melhor carne de lombo de vitela. Não sei se é verdade, mas na gíria diplomática costuma-se dizer que existe uma forma de fazer diplomacia, é a chamada "diplomacia do croquete". Posso-vos garantir que se nesta forma de diplomacia, se servissem os croquetes da Versailles, Portugal não teria metade dos problemas que tem na "frente" europeia. Eu não sou grande apreciador de croquetes, mas os da Versailles são muito bons. São normalmente maiores que os da concorrência, a carne é uma massa suave e uniforme, bem temperada e sempre servidos quentes.

Mas não é só pelos croquetes que a Versailles é famosa, a sua pastelaria é muito afamada, em particular os eclairs, cuja visão ao balcão deve ser muito tentadora para os mais gulosos. Experimentei o de café, por pensar que seria o menos doce. Comparado a outros eclairs, acredito que não seja doce, mas para o meu gosto, pareceu-me um bocado, contudo, a sua massa era boa e como os olhos também comem, tinha um óptimo aspecto. Por sua vez, o seu pastel de nata é óptimo. Uma massa folhada delicada e um creme suave e doce (sem ser enjoativo) óptimo. Poderia-vos falar da sopa, mas sopa é sopa e não vi grande diferença para as servidas em qualquer café do país.

Não poderia terminar este post, sem falar das refeições servidas nesta pastelaria. São um pouco caras para o dia-a-dia, porém, pelo que pude ver são muito bem servidas, têm um óptimo aspecto e os ingredientes parecem ter uma qualidade condizente com o nome que vem no prato. Aquela feijoada à transmontana ainda me faz salivar, mesmo sabendo que por motivos de saúde não deveria sequer olhar para ela...

preço: 4,00 € - 5,00 € (almoço à f.)

Pastelaria Versailles
Av. da República, nº 15-A, Lisboa

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cantina da Estrela

Este post é uma prenda de aniversário à minha Avó pelos seus 85 anos ricos em memória e experiência e, também, por nos ter proporcionado esta experiência no Cantina da Estrela. Moradora veterana de Campo de Ourique, e por isso bem conhecedora dos cantos deste bairro lisboeta, sugeriu-me que fossemos à Cantina da Estrela pelo seu aniversário. Ao invés de outras (boas) escolhas que Campo de Ourique proporciona e às quais já estaria mais habituada, resolveu surpreender o seu neto e disse que faria reserva neste restaurante. Ainda a avisei que entre o conceito e o preço praticado, esta opção talvez não fosse do seu agrado, mas quando me diz que já conhecia a Cantina da Estrela e que queria lá voltar, pois "uma vez  não são vezes", o que posso eu fazer?! Ir de bom grado e munido do meu cartão "TimeOut 2por1", pronto para desfrutar de uma boa refeição, num espaço que há muito tinha curiosidade em experimentar.

Antes de mais, e agora via web, os meus parabéns à minha Avó.

(ver imagem aqui)

Bem, passando agora ao que interessa, o Cantina da Estrela está inserido no Hotel da Estrela (uma antiga escola), ao lado da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa (o antigo Liceu Machado de Castro), daí o seu ambiente nos remeter para as antigas escolas portuguesas. De realçar que na Cantina (e Hotel) da Estrela a proximidade com a Escola de Hotelaria resultou no aproveitamento de alguns dos jovens valores desta academia, que enquanto estudam, também trabalham neste espaço, para assim obterem uma experiência profissional que lhes trará uma mais-valia importante no mercado de trabalho. Aparentemente, existe nas traseiras do restaurante um jardim com uma vista magnífica para a cúpula da Basílica da Estrela, mas não pude confirmá-lo, pois a noite estava desagradável para estar lá fora. Fica para uma próxima...

(ver imagem aqui)

O conceito deste restaurante, para além da decoração, também se manifesta nos pratos que compõem a sua oferta e nos preços que praticam. A ementa é essencialmente portuguesa, não existindo muitas influências estrangeiras, à excepção de um ou outro ingrediente, ao qual já estamos muito familiarizados. Os pratos confeccionados e o atendimento (simpático), tal como já  referi anteriormente, são garantidos essencialmente pelos estudantes da Escola de Hotelaria. Assim, como pode haver a possibilidade das coisas não saírem assim tão bem, o preço de cada prato e o serviço do restaurante são estabelecidos pelo cliente, dentro de um determinado intervalo, claro está.

A refeição foi composta por uma amuse bouche, oferta da casa, constituída por uma espécie de rissol de camarão e molho de manga, cuja textura e sabores eram excelentes. O pormenor do cebolinho cortado no molho deu-lhe um toque único. Como entrada, experimentei um tachinho (uma cataplaninha para ser mais correcto) de camarão em molho de manga. Estava bem servida, com o camarão muito bem confeccionado, tanto na sua consistência como no seu sabor. Acho que o molho teria sido melhor se fosse como o da amuse bouche, mas como estava, mais aguado, com a manga cortada em pequenos cubos, também estava bom.

j. e a minha Avó deliciaram-se com um, muito bem servido, creme de ervilhas, com croutons, presunto crocante e espuma de nata. Como não aprecio ervilhas, não provei, mas garantiram-me que estava bom. Como prato principal, provei o bife do lombo com molho de dobrada e batata doce, e j. e a minha Avó optaram pelo salmão com puré de chouriço. Se em relação ao meu prato nada tenho a apontar, à excepção do sabor do molho, pois de facto não me apercebi do sabor da dobrada, já o salmão... O puré de chouriço estava bom, porém, se questionam sempre se o bife é bem/mal passado, deviam experimentar fazer o mesmo com o peixe. Resultado, para um prato que é suposto ser cozinhado, o salmão estava demasiado cru. Não foi totalmente do agrado de quem o provou e no caso de j., estamos a falar de alguém que "devora" sushi desalmadamente. As sobremesas estavam óptimas, comigo e j. a experimentarmos um bom leite creme, com uma bola de gelado de caramelo, que lhe dava uma frescura agradável. A minha Avó optou por umas farófias, aparentemente boas, principalmente por não estarem decoradas com fio de gema do ovo, mas apenas por pó de canela.

Para concluir, considero o Cantina da Estrela uma opção agradável e a repetir. Os pratos são bem servidos, o espaço é agradável e o serviço é competente, apesar de algumas falhas pontuais, mas nada comprometedoras. Caramba, são miúdos que estão a aprender! No do chefe ao chef já relatámos experiências cujo serviço foi muito mais comprometedor, e supostamente executado por profissionais. Assim, estes miúdos estão de parabéns, tal como este projecto.

data da visita: 20.novembro.2012
preço por pessoa: XX,XX € (variável, de cliente para cliente, ver ementa)

Cantina da Estrela
Rua Saraiva de Carvalho, nº 35