quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pizzaria Dom Giovanni

Recentemente a SIC Radical apresentou um programa do chef Gordon Ramsay, cujo conceito consistia na visita do seu protagonista a um restaurante em dificuldades (na maioria das vezes por má gestão) para dizer meia dúzia de verdades e muitos insultos. No meio do programa, entre gritos e choradeira, lá se providenciava alguma luz aos donos dos restaurantes, com estes a reconhecerem os seus erros e a aceitarem os conselhos do chef. Ir ao Dom Giovanni fez-me recordar este programa e pensar como Gordon Ramsay iria adorar fazer neste restaurante o seu número habitual...

O Dom Giovanni é um restaurante já muito "batido" para as bandas da Margem Sul (algures em Almada), com uma enorme vantagem comparativa face à concorrência: é barato. A sua concorrência, na minha opinião, não são apenas os tascos vizinhos, mas também a Telepizza e congéneres daquela zona da Margem Sul, pois confecciona pizzas melhores que estes estabelecimentos, a um preço sensivelmente equivalente (se não mais baixo). Adicionalmente, quando queremos jantar fora sem gastar muito, escapando ao típico "bife com batata frita", ou pizza, a variedade de pratos ditos italianos (pastas, massas, etc, etc...) disponíveis neste espaço é considerável. Honra seja feita, as doses são bem servidas, especialmente nas massas e pastas. 

Contudo, neste espaço tudo está longe de ser perfeito e é pena, pois como Gordon Ramsay diria, algumas alterações simples tornariam o restaurante certamente mais apelativo. Atenção, não é de falta de público que o restaurante sofre (pelo menos à sexta-feira à noite), mas de qualidade, algo que poderiam melhorar e muito neste espaço. Uma destas melhorias seria na sua ementa, cujo tamanho é proporcionalmente inverso ao da cozinha e equipa revelando uma ânsia em querer fazer tudo o que é tipicamente italiano. Uma ementa menor e mais focada permitiria uma  maior especialização da equipa do Dom Giovanni, melhor selecção dos alimentos e com isto maior qualidade dos pratos. Talvez assim fosse possível obter uma diminuição de custos e um aumento das margens... As pizzas, em termos de sabor, estavam bem confeccionadas, porém a massa no centro parecia pão empapado. Será que a massa foi feita ali? Os meus raviollis quatro queijos não sabiam mal, mas parecia que tinham saído directamente do congelador e o molho ficou logo ressequido. Porque será? Se não é possível fazer raviollis no momento, porque incluí-los na ementa?

(ver foto aqui)

Não se pode fazer muito em relação ao espaço, a área é reduzida e no piso superior o pé direito é baixo. Menos duas mesas por piso melhoraria o conforto dos clientes e até a mobilidade dos empregados, porém sem mexer nos preços/custos do restaurante, esta alteração parece-me impossível de aplicar. Em todo o caso, ganhava-se algum espaço no piso superior se fosse retirado o ecrã gigante que ali se encontra e o balcão que o suporta.

Quanto ao atendimento, não se pode dizer que tenha primado pela simpatia, porém o empregado tem a minha solidariedade, pois era o único para um piso apinhado com três grupos. Foi eficaz e educado, o que nestas circunstâncias é de realçar. De realçar, também, a relação qualidade/preço deste restaurante. Pagar 18 € por uma dose para dois de raviolli quatro queijos é barato? Sim, se estes fossem bons seria um preço aceitável. 9 € como preço médio de uma pizza individual é barato? Sim, pois não sendo obras primas da culinária, compensa mais comer as pizzas do Dom Giovanni do que as da Pizza Hut. Porém, se estiverem naquela zona da Margem Sul, sem dinheiro (físico) na carteira e quiserem comer uma pizza, a Pizza Hut e a Telepizza têm terminal de multibanco, o Dom Giovanni não!

Resumindo, Gordon Ramsay utilizando o melhor vernáculo inglês faria algumas alterações de pormenor, pois uma casa que está cheia numa sexta-feira à noite tem qualidades. O preço é uma delas. A sua localização num bairro familiar também, pois é de um negócio de tipo familiar que se trata. Os pratos mais concorridos superam certamente os da concorrência local. Para que o Dom Giovanni supere as falhas apontadas tem apenas de fazer coisas simples, práticas de executar e com um baixo custo. Como diria o irascível Gordon Ramsay, "fuck"...

data da visita: 20.abril.2012
preço por pessoa:  15 € - 20 €

Pizzaria Dom Giovanni
Praça Barril de Alva, 1º A, Almada

domingo, 15 de abril de 2012

SushiCafé Avenida

Felizes possuidores das caixinhas-maravilha da Time Out 2por1, decidimos estrear o nosso primeiro desconto no SushiCafé Avenida. Dos quatro, apenas f. ainda não conhecia este restaurante, d. e j. tiveram uma boa experiência e g. nem por isso. Achámos então que seria o ideal para começar!

O Espaço
O SushiCafé Avenida "coexiste" com o Guilty, no n.º 28 da Rua Barata Salgueiro. E coexistir não é figura de estilo - estes dois restaurantes partilham alguns espaços em comum, como é o caso dos sanitários.
Em termos de decoração, o SushiCafé Avenida é inovador quando comparado com outros restaurantes da cidade de Lisboa. Por momentos, até parece que estamos dentro de um cenário de um episódio do Sexo e a Cidade. A cor principal é o branco, mas as paredes são revestidas a iluminação LED, que permite alterar a cor ambiente do restaurante sem qualquer dificuldade, com a possibilidade de adaptar o ambiente a dias especiais que se queiram celebrar. Nada melhor como uma foto para explicar:

(foto daqui)

Tem música ambiente, mas também conseguimos ouvir as pessoas com quem estamos a jantar. Parece algo que devia ser óbvio em qualquer restaurante, mas na verdade não é (basta visitar o vizinho).
Outro pormenor engraçado é o local onde está instalado o DJ - uma pequena varanda interior. Se não levantarmos o olhar quase não damos por ele. Não encontrei nenhuma foto, deixo a imagem onde se pode perceber um pouco melhor o conceito (ali em cima, do lado esquerdo):

(foto daqui)

O Menu
Com o desconto na mão, arriscámos o menu de degustação para dois, o Kitsetsu Kaiseksi. Assim que pedimos, a primeira pergunta que nos fazem é se estamos com muita fome. Como até estávamos mesmo, dissemos que sim, embora com ar surpreendido. O Miguel (quem acompanhou a nossa mesa), explicou-nos então que o menu era extenso e que gostam de avisar os clientes, porque se estiverem com pouco apetite, não irão aproveitá-lo como seria suposto. 

Explicaram-nos então que o menu foi elaborado de acordo com a ordem do menu imperial japonês. Não me vou alongar na descrição dos pratos, até porque não tenho memória fotográfica que me ajude (podem conhecer aqui a carta), mas o menu inclui desde o clássico sushi/sashimi até comida japonesa que não é peixe cru (também se cozinha por lá), como a sopa miso ou o magret de pato. 
Começámos por um amuse-bouche, um ceviche com peixe-manteiga e salmão, no ponto certo, sem ser demasiado avinagrada, como por vezes acontece com o ceviche (eu, pessoalmente, gosto de avinagrado, mas este estava mesmo no equilíbrio certo). 
De referir que o sushi/sashimi, como sempre, estava perfeito. Composto por atum, salmão, peixe-manteiga e carapau, uma mistura variada e de elevada qualidade. Nunca fui desiludida em nenhum SushiCafé onde fui - a frescura do peixe é inquestionável e o corte sempre exacto. g., no entanto, numa anterior experiência neste restaurante, teve o azar de encontrar uma espinha no meio de um sashimi. Esperamos que nunca tal se volte a repetir... 
A primeira sopa que nos serviram (cujo nome me escapa), tinha camarão, peixe, legumes e cogumelos shitake (que eu ADORO), e era excelente! Uma vez num workshop de sushi tive a tarefa de fazer uma sopa com cogumelos shitake, mas na altura nunca tinha provado outra antes. Neste dia percebi o quanto a sopa que fiz não tinha nada a ver com o que devia ter sido o resultado final... 
O prato de carne, um magret de pato, em que era notória a elevada qualidade da carne, incluía o pormenor inesperado de uma esfera de vinho do Porto, que tínhamos de rebentar por cima da carne para degustar correctamente o prato. Já todos tínhamos ouvido falar de cozinha molecular, mas ver e mexer é completamente diferente e dá vontade de brincar com a comida (coisa que nunca se deve fazer fora de casa, meninos!).
O prato mais "diferente" que provámos foi o de bacalhau... era cozinhado a baixa temperatura, mas a diferença era de que se tratava de bacalhau fresco - nós por cá, normalmente, só comemos bacalhau salgado seco.
A tempura de gambas, um dos últimos pratos, tinha uma textura suave e muito saborosa. Acho que até então só tinha provado uma vez tempura assim tão suave. Se estão a pensar naqueles fritos manhosos dos muitos "sushinêses" que por aí apareceram agora - tirem daí a ideia, não tem NADA a ver.
Para finalizar, uma sobremesa de frutas variadas e gelatina de iogurte (mais cozinha molecular). Foi opinião de todos que é uma opção essencial num menu tão extenso - se a sobremesa fosse "agressiva" faria toda a diferença, podendo "estragar" tudo no último momento.

O Serviço
Numa palavra: excelente. O Miguel, que não se cansou de responder às nossas perguntas, explicava-nos sempre a composição de cada prato, e também a sua origem ou forma de confeccionar, ou forma de o degustar. Pedimos desculpa ao Miguel se atrasámos o serviço porque ficámos com a impressão que ele passou imenso tempo a responder a todas as nossas dúvidas... 
À saída, também de salientar a atenção da conciérge, genuína (nem sempre acontece), perguntando se tudo tinha corrido bem e se tínhamos apreciado a refeição. Quando digo genuína, quero dizer que ficaram à espera da nossa resposta, e não perguntaram apenas por perguntar. Claro que não tivemos nada a reclamar, tudo correu na perfeição.

O SushiCafé Avenida é, actualmente, um dos melhores exemplos de restaurante de sushi da cidade de Lisboa. Embora nesta experiência tenhamos seguido uma das opções mais dispendiosas da carta, há que referir que, por norma, o preço médio ronda os 20 a 25 euros, e por este valor podemos comer uma boa refeição com excelente qualidade do peixe - a melhor que já provei em todas as minhas experiências de sushi.. Para os almoços, têm uma barra de sushi, onde é possível almoçar em pouco tempo (e por um preço mais reduzido), enquanto se observa o processo de preparação dos pratos que estão a sair para as mesas, preparados pelos sushimen. Recomendamos vivamente a visita!

data da visita: 02.março.2012
preço por pessoa:  51 € (com o desconto TimeOut ficou por 27 €)

SushiCafé Avenida
Rua Barata Salgueiro, 28, Lisboa

domingo, 1 de abril de 2012

Baía do Peixe

Já há algum tempo um amigo tinha-me desafiado a conhecer o Baía do Peixe, um restaurante novo situado em plena baía de Cascais. Estava reticente, pois o Baía de Peixe não é um simples restaurante de peixe, mas sim um espaço cuja principal oferta consiste num conceito mais associado a churrasqueiras brasileiras e até a "pizzarias" (as aspas não estão à toa...), ou seja, o rodízio. Admito que fiquei reticente... Afinal, como é que pode haver tanto peixe fresco disponível para suportar um rodízio de peixe?

Os meus receios eram infundados, no Baía do Peixe o peixe é realmente fresco e bem confeccionado, grelhado no carvão como só em Portugal se sabe fazer. O rodízio é composto por cinco peixes diferentes que podem variar consoante a época do ano. Neste caso, Pregado, Robalo, Salmão, Dourada e Lulas (este último um molusco marinho), sendo possível repetir até não se poder mais. Por vezes, e porque o Baía do Peixe tem por regra servir apenas peixe fresco, algum dos peixes mencionados pode não estar disponível. As porções servidas não são grandes, porém, o objectivo é permitir que os clientes provem todos os tipos de peixe, o que, com postas maiores, não seria possível. O rodízio é acompanhado, como não podia deixar de ser, por batatas assadas com casca com um molho de azeite e oregãos e por uma salada completa.

Garanto que ao terceiro peixe já estamos cheios o suficientes para não comer os outros dois que faltam. A verdade é que neste tipo de refeição, o pecado da gula e a curiosidade em saborear os outros peixes falam mais alto. É mesmo de gula que se trata, pois os peixes estão bem grelhados, sem ficarem secos nem com crostas. Para os interessados, ao almoço, existe um mini-rodízio composto por três tipos de peixe. Para os amantes de marisco está para breve um rodízio de marisco. Para quem quiser apenas um prato de peixe específico, a opção também está disponível.

Passando à experiência que tive no Baía do Peixe, destaco o Pregado, pois foi para mim o melhor dos que provei. Estava óptimo, com a posta fresquíssima, suculenta e sem as referidas crostas. O tempero estava óptimo, com sal q.b., sem que houvessem aquelas pedras que por vezes trincamos violentamente. As Lulas estavam, também, muito boas... são grelhadas com manteiga, o que lhes conferia um sabor agradável. O Robalo era talvez o peixe que estava mais seco contudo o sabor estava óptimo. O Salmão não é um peixe que aprecie muito (excepto cru para o sushi), por isso foi-me um pouco indiferente, porém, as restantes pessoas com quem jantava afirmaram que estava excelente. Acho que não havia Dourada, ou, se havia, não me apercebi se estava a ser servida, pois como tinha repetido alguns peixes estava satisfeito e sem capacidade para comer mais. Antes do rodízio foi ainda servida uma sopa de peixe, que me soube bem, mesmo não sendo grande apreciador de sopas.

(fotos daqui)

Devo referir que a minha passagem pelo Baía do Peixe foi num jantar de aniversário, ou seja, um grande grupo, o que normalmente faz com que as doses não sejam bem servidas ou que o serviço não seja tão eficiente. Se em relação à refeição nada há a apontar no que diz respeito ao serviço também não. Muito profissional, composto, em parte, por empregados da "velha guarda" daquela zona turística que sabem servir bem. O espaço é, também, adequado para este tipo de convívios, pois é amplo o suficiente para albergar dois ou três grupos. Da mesma forma, é um restaurante apropriado para uma refeição a dois ou em família. De referir, também, que o restaurante está situado sobre a baía de Cascais o que lhe proporciona uma vista fantástica.

Por fim, o preço. Para aqueles que querem uma refeição agradável, num restaurante que sirva bem e com uma vista convidativa, o preço a pagar neste restaurante é acessível. Tendo em consideração a qualidade e o tipo de oferta de que estamos a falar, bem como a localização, cerca de 14 €, por pessoa, pelo rodízio, não me parece caro. A juntar a isto, entradas, sobremesa e bebidas... cerca de 20 € por uma refeição completa, onde podemos comer todo o peixe que nos apetecer... convenhamos, é acessível.

data da visita: 30.março.2012
preço por pessoa:  19 € (menu grupo)

Baía do Peixe
Avenida D. Carlos I, n.º 6, Cascais