domingo, 28 de agosto de 2011

Sushic Fusion Food

Situado na Margem Sul do Tejo, em Almada (junto à rotunda do Centro Sul) o Sushic é um espaço moderno e descontraído, cujo menu apresenta um misto entre a cozinha japonesa tradicional e contemporânea.

Posso dizer que, de um modo geral, das diversas vezes que já fui a este restaurante, em todas elas, as expectativas foram alcançadas. Este ponto parece-me importante, pois a consistência é fundamental na fidelização de clientes, e o Sushic consegue fazê-lo.

Ambiente e Serviço
A decoração do espaço é bastante agradável, simples, em tons de branco, preto e vermelho. O ambiente é descontraído, e o serviço familiar, onde todos os colaboradores procuram fazer-nos sentir em casa. O serviço não apresenta falhas graves, ainda que por vezes seja demasiado lento quando o restaurante está cheio. Outro aspecto a realçar é a simpatia dos donos do restaurante, que conseguem apresentar as novidades e fazer sugestões/recomendações sem se tornarem intrusivos.
(foto daqui)
O Menu
O menu é vasto e bem organizado, e tem opções para quem não é totalmente fã de "peixe cru". Os pratos são bem confeccionados, com sabores equilibrados e apresentação cuidada. Os ingredientes são de boa qualidade e o peixe é sempre fresco. Por vezes, acontece não existir algum tipo de peixe, visto que nem sempre a pesca traz as quantidades necessárias, o que mostra a preocupação do Sushic em servir apenas peixe fresco.

Um conselho, para restaurantes e clientes, quando se trata de sushi e sashimi, não devemos arriscar, não vale a pena comprar barato, pois pode sair muito caro... é fácil perceber a qualidade do peixe. O peixe fresco quase não tem cheiro depois de limpo, a textura é suave, e as cores são conhecidas e não devem sobressair ao normal. Nem sempre pouca qualidade é sinónima de alteração de sabor, por isso, se não estivermos atentos, nem sempre conseguimos perceber que o peixe foi mal conservado até sofrermos algum distúrbio alimentar.

Deixo algumas sugestões (optei por escolher os pratos que diferenciam este restaurante dos demais)...

As Entradas

Ussuzukuri: carpaccio de peixe do dia servido sobre gelo picado, regado com molho de hortelã e maracujá. Um prato perfeito e obrigatório para os verdadeiros fãs de sashimi. As fatias de peixe muito finas sobre o gelo transmitem-nos uma sensação de frescura, realçada pelo sabor da hortelã. O doce/ácido do maracujá combina com os restantes ingredientes e confere ao prato um sabor diferente do habitual.

(foto daqui)

Salada de Salmão com Molho de Maçã e Queijo da Serra: é exactamente o que o nome indica. A mistura entre o sabor do do salmão cru e os pedaços de queijo da serra é divinal. O molho de maçã confere a acidez necessária à salada.

Sushi e Sashimi
Os diversos tipos de sushi e sashimi são semelhantes (não só entre eles, como de restaurante para restaurante), variando no aspecto, na forma e nos ingredientes utilizados. A opção por um, em detrimento de outro, é feita, normalmente, de acordo com as preferências de sabores de cada pessoa. Desta forma, não existem muitos comentários a fazer sobre cada tipo de sushi ou sashimi em particular.

Todos os pratos que provei no Sushic são equilibrados, saborosos e com qualidade. No sashimi as fatias são generosas, e no sushi a proporção do peixe face aos outros ingredientes é adequada, e não diminuta, quando comparada com a de outros restaurantes. Esta última situação sucede diversas vezes, no meu entender, como forma de redução de custos e aumento das margens por refeição.

Saliento alguns pratos, pela minha preferência, e, como já referi, por não os ter encontrado em mais nenhum restaurante japonês...

Itchigo Roll: uramaki de morango, salmão e philadelphia.

Mango Roll: uramaki de manga e atum.

Dio e Itchigo: gunkan (sushi enrolado com alga em forma de cesto e recheio por cima) de salmão com philadelphia e picadinho de salmão, com ou sem morangos no picadinho, com cebolinho por cima.

Outros Pratos
Sendo eu uma apreciadora de sushi e sashimi não tenho por hábito optar por outro tipo de pratos que não estes, quando vou a um restaurante japonês. Assim, não farei comentários sobre outros pratos, não porque não mereçam destaque, mas apenas porque não os provei.

As Sobremesas

Petit Gateu: bolinho de chocolate servido quente com uma bola de gelado. Chocolate fica sempre bem como sobremesa. Para o sabor do gelado, que é caseiro, recomendo Chá Verde, pois faz um contraste interessante, cortando ligeiramente o doce do chocolate.

Banana Caramelizada com Queijo da Serra e Canela: uma sobremesa diferente, mas deliciosa. A ligação da banana com o queijo é conhecida, no entanto, o facto desta ser ligeiramente caramelizada e polvilhada com canela potencia o doce e moderniza o tradicional.

A última vez que visitei o Sushic foi-me sugerida uma sobremesa que não faz parte das habituais. Não me lembro exactamente da composição. O que importa, e o que quero realçar, é o esforço na procura por novos sabores, para novos pratos.

Por vezes, existem novidades que não se encontram no menu, como é o exemplo desta última sobremesa, pelo que a abertura para as sugestões dos colaboradores é fundamental. Em ocasiões especiais, é comum esta situação, pelo que, se visitarem o Sushic na altura dos Santos Populares ou do Natal, por exemplo, não se admirem ao encontrar pratos que normalmente não existem.

Fica a sugestão...
Acredito que, à partida, para quem mora no lado norte do rio Tejo, este restaurante não será a primeira escolha. A justificação será algo do género "existem diversos restaurantes japoneses à escolha sem ser preciso pagar 1,45 € de portagem". Talvez seja verdade, no entanto, acho que este restaurante merece uma visita, pois, para mim, não fica atrás de nenhum dos restaurantes que já experimentei, nem mesmo do Origami ou do Aya.

data da visita: várias
preço por pessoa: 20 € - 30 €

Sushic Fusion Food
Rua Salgueiro Maia, 19 G, Almada
www.facebook.com/sushicfusionfood

sábado, 20 de agosto de 2011

To Sense

Um start up sofisticado suave...

Esta seria a forma como melhor poderia definir este restaurante. No decorrer deste post, irei explicar o porquê de tal estranha definição, mas, antes disso, faço já aqui uma ressalva, ou se quiserem, uma declaração de interesses. Um dos proprietários deste restaurante é amigo do autor destas linhas, porém, tal relação não condicionará a minha opinião. O meu amigo não só desconhece a minha colaboração neste blog, como também não está à espera que o seu restaurante seja "alvo" da crítica apurada "do chefe ao chef". Como o blog é recente, o mais provável é que não o conheça...

Em todo o caso, o importante é o que o To Sense vale enquanto restaurante e é para isso que aqui estou a escrever...

O Espaço
O To Sense, situado na zona de Alcântara, é um restaurante cujo espaço foi decorado com sofisticação q.b., sem que com isso se assemelhe a outros espaços lisboetas, como, por exemplo, os restaurantes Bocca, ou Alma. Também não me parece que seja esse o espírito dos seus proprietários... Ambiente escuro, luzes adequadas, decoração simples (o pormenor das molduras de quadros sem tela tem a sua graça), perfeito, não fosse a televisão. Amigos, compreende-se que para os almoços dos dias da semana, a televisão esteja presente e ligada, pois a notícia do telejornal dá sempre jeito para meter conversa com o colega de trabalho com quem não se tem empatia, mas no serviço de jantar...

O atendimento é um tema que eu prefiro não comentar, pois como amigo de um dos donos, evidentemente que o serviço foi sempre de amigo, especialmente quando fui ao restaurante mais do que uma vez com um grupo de amigos comuns...

A Ementa
Falemos do principal motivo que leva (ou deveria levar) as pessoas a irem a um restaurante, i.e., a comida nele servida. Este restaurante é composto por gente nova e com ideias novas, contudo, não são necessariamente inovadores radicais, ou artistas do empratamento. O conceito é muito simples, comer refeições bem confeccionadas, com boas apresentações, porém sem serem nouvelle cuisine, que saibam bem, elaboradas com ingredientes comuns e a um preço relativamente acessível. Tudo é perfeito? Não, não é, por essa razão passemos aos pormenores do que provei e do que vi provarem...

Folhado de Queijo de Cabra com Mel e Alecrim: o ponto forte do chef deste restaurante (Gonçalo do Canto - um nome a recordar para quem anda nisto profissionalmente) são as entradas, sendo esta a melhor de todas. O estaladiço da massa folhada e o sabor forte do queijo de cabra, combinam perfeitamente com a doçura do mel e aroma do alecrim. É algo de inexplicavelmente bom. A apresentação desta entrada é simples, porém, ao mesmo tempo elegante, com o mel e o alecrim por cima do folhado a contribuírem para tal. Admito que se pudesse comer isto todos os dias, tardaria a enjoar...

Croquetes de Alheira com Molho de Mostarda: adoro enchidos, mas alheira não é um deles. Sou capaz de comer uma alheira no forno com uma salada (uma receita a partilhar pela colega j.), esta entrada e pouco mais. A verdade é que o facto da alheira ser frita do mesmo modo que um croquete, retira-lhe boa parte do sabor que por vezes não me agrada, o que a combinar com o molho de mostarda, torna esta entrada realmente interessante. Não seria a minha primeira escolha, mas gostos são gostos e j., por exemplo, adora esta entrada.

Cogumelos Recheados com Farinheira: estas pequenas bombas calóricas são muito saborosas, com a farinheira a sobrepor-se ao sabor dos cogumelos, sendo que estes são literalmente a base na qual repousa o conteúdo deste enchido. O seu toque gratinado permite dar alguma consistência ao prato, realçando, contudo, o sabor a farinheira. Uma escolha a ter em conta, apesar da apresentação poder ser mais cuidada neste prato.

Salada To Sense (peito de frango panado): eu sou um grande apreciador de saladas e arrependi-me de não ter pedido este prato da última vez que fui ao To Sense. Limitei-me a "roubar" um bocado do prato de uma amiga, pois o aspecto da salada era mesmo bom. Basicamente, são pedaços de peito de frango panado, acompanhado (salvo erro) de dois tipos de alface. O sabor era agradável e para uma noite quente, a sua frescura sabia bem a quem a comia.

Lombo de Robalo com Migas de Batata: não tendo experimentado o robalo, limitei-me a "roubar" as migas e posso dizer que como apreciador deste acompanhamento, estavam muito boas. Nem demasiado húmidas, nem o sabor da batata (que eu não aprecio particularmente) se destacava.

Picanha com linguini salteado: eis um prato a rever neste restaurante. O prato sabe bem? Sim, o linguini e a picanha sabem a alho, o que a mim me agrada muito. O sabor não era excessivamente forte, mas para quem não gosta de alho é o suficiente para não o comerem. O problema deste prato reside na apresentação, pois servir bem em quantidade é algo de louvar, mas amontoar uma quantidade enorme de massa e pedaços de picanha é desnecessário. Adicionalmente, para quem gosta da carne mal passada, como eu gosto, há que ter cuidado em não deixar o sangue da carne em excesso no prato, pois a massa passa a saber a sangue com alho. Para quem aprecia um bom prato de carne, recomendo esta opção, pois a carne é de boa qualidade e bem confeccionada.

Medalhões de Porco Preto: o prato que me desagradou... Estava curioso para comer este prato, pois adoro porco preto, mas o facto da carne ter sido grelhada não correu bem. A carne ficou demasiado seca e em algumas partes, estava completamente carbonizada. Atenção, há quem aprecie comer carne assim e talvez seja este o intuito do chef, comigo é que não resultou. Por incrível que pareça, o que mais sobressaiu neste prato foi um dos acompanhamentos, a saber, o esparregado. A maioria das pessoas pensa que este acompanhamento é fácil de se fazer e depois saem "papas verdes", o que não era o caso. Este esparregado era mesmo bom.

Bacalhau com Broa em Crosta de Farinheira: ok, farinheira mais uma vez... Eu gosto mesmo de farinheira e quando a vi com bacalhau e broa pensei que tinha mesmo que provar este prato. O bacalhau (se não estou em erro era assado) era uma boa posta, com as lascas a saírem suavemente e sem se desfazerem. A broa não estava seca, absorvendo bem o azeite e a misturar-se bem com o bacalhau. A crosta de farinheira estava boa, mas o termo crosta estava bem aplicado, pois este elemento do prato talvez estivesse demasiado seco e rígido. O empratamento foi realmente cuidado.

Crumble de Maçã e Canela com Gelado: perfeito, perfeito, perfeito! A acidez da maçã morna, combinada com a massa do crumble e aquele toque a canela eram algo de divino. Junta-se a bola de gelado (julgo que geralmente de baunilha, mas a mim deram-me de nata) e os elementos que compõem esta sobremesa ficam saborosamente frescos.

Bebidas
Em termos de bebida a acompanhar estes pratos, sugiro a bela da imperial para o linguini com a picanha e um bom vinho tinto (a casa tem uma carta acessível de tintos alentejanos e do douro) a acompanhar os medalhões de porco preto. Provavelmente, um vinho branco fresco seria uma boa opção com o robalo e talvez com o bacalhau, mas como não provei apenas posso imaginar.

Conclusão
Para uma casa que tem aproximadamente um ano e que é composta por jovens empreendedores, há naturalmente alguns erros a apontar, mas nada de grave e o potencial para melhorar está lá. O que importa é que por uma entrada, prato principal, sobremesa e bebida (desde que não seja uma pessoa a beber vinho sozinha), a refeição pode ficar por cerca de 25 €, vá lá, 30 €, o que tendo em conta a qualidade dos pratos servidos, a quantidade e o ambiente do restaurante não é assim tão excessivamente caro. Durante o dia, o restaurante oferece menus de almoço apelativos, quer pela sua ementa, como pelo preço (geralmente 8 €). É ainda possível organizar jantares de grupo, com um menu fixo e bebida à descrição, por cerca de 20 €).

data da última visita: várias.2010/2011
preço por pessoa: 20 € - 30 €

To Sense
Rua Padre Adriano Botelho, 5, Alcântara

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Guilty by Olivier

Visitámos o Guilty, a nova coqueluche do Chef Olivier. Situado na zona nobre da cidade, como aliás, a maior parte dos restaurantes assinados por este Chef, o Guilty tem mais de bar do que de restaurante. E tudo faz crer que é essa componente mais nocturna que lhe vale os 2.000 fãs com que já conta no facebook.
O Jantar
O tema do menu, à volta dos pecados capitais, enquadra-se que nem uma luva, neste restaurante cujo forte são as pizzas, hamburguers e pastas. A descrição de cada prato não deixa dúvidas de que pelo menos o pecado da gula vamos cometer daí a nada. Uma estratégia de marca bem consolidada.

Para entrada, pedimos uma Tábua Mediterrânica, "composta de rúcula, tomate cereja de rama, com queijos parmesão e mozzarela, e presunto de Parma, fuet, saucisson e foië-gras", e também uma focaccia. Embora tenha cumprido o seu dever, não deslumbrou, em particular a focaccia, bastante fraquinha. O foië-gras que também estava presente deixou muito a desejar, especialmente quando comparado com o do quase vizinho Rubro Avenida.

Para o prato principal, decidimo-nos pelas pizzas, tendo cada um escolhido o seu pecado - Luxúria, Gula, Vaidade e Preguiça. São todas de massa fininha e de aspecto prometedor. A minha, em particular, uma calzone recheada com alheira e grelos, desiludiu porque o equilíbrio entre o recheio e a massa não foi bem feito. Tinha muita massa para o que era suposto ser uma pizza fininha e a mistura de sabores que se esperava do recheio não surpreendeu. A única que reuniu maior consenso como sendo boa e diferente, embora merecesse que lhe retirassem o pepperoni/chourição para ser ainda melhor (não seria enjoativa), era a Luxúria, que contém trufas pretas pelo meio da selecção de queijos. Quando comparadas, por exemplo, com as da Pizzaria Casanova, percebemos que ainda têm muito que caminhar.

A sobremesa foi o chamado "flop". Uma mistura de sabores incompreensível e quase intragável num chamado "nems de maçã". Tinha maçã e uma mistura de limão e hortelã e foi um dos momentos em que senti compaixão pelo Chef Gordon Ramsay quando tem de provar coisas estranhas. E podia ser só de mim, mas não, ninguém apreciou. O coulant de chocolate (ainda bem que pedimos duas sobremesas) salvou o momento, mas não por ser extraordinário - simplesmente porque chocolate resulta sempre, especialmente depois de um flop...

Ambiente, Serviço e Outros Pormenores
À chegada, logo algo que me causa uma urticária profunda - pouca iluminação. Eu odeio comer às escuras, e a iluminação do Guilty, à hora do jantar, é a mesma que servirá o espaço quando este se "transforma" em bar numa hora mais tardia. Ainda tentei pedir à empregada de mesa que acendesse os focos (que existiam, mas aparentemente, só para enfeitar), ao que ela me respondeu que não podia e que tínhamos a vela na mesa. Uma vela, daquelas bem pequeninas, para iluminar uma mesa de quatro. Senhores - é pouca iluminação e não venham com o argumento do estilo, porque não é suficiente. No mínimo, estabeleçam uma hora para se alterar a iluminação do momento restaurante para o momento bar e informem os clientes devidamente.

A decoração é simples e tenta tocar o rústico, sem exageros. Embora não deslumbre (afinal muitas das coisas são IKEA), é acolhedora. No entanto, é pouco funcional - a nossa mesa, em vez de cadeiras, tinha dois cadeirões de 2 lugares, de pele, pesadões, que exigiam que se arrastasse a custo a mesa ou os cadeirões para se conseguir sair - e isto aplicava-se até ao mais elegante de nós os quatro... Ficávamos literalmente "trancados" quando nos sentávamos, o que é pouco agradável.

Infelizmente, sentimos também que há que investir na formação do pessoal de mesa. Ficar de cara fechada face a um pedido que lhe possa parecer incomum não é de bom tom. Tal como não é estender o prato a um dos clientes para que seja ele próprio a colocá-lo na mesa. É verdade, não são erros gravíssimos, mas vamos lembrar-nos que se trata de um restaurante do Chef Olivier, e julgo que não é preciso acrescentar mais.

Ao lado do Sushi Café Avenida, partilha com este alguns dos pormenores - o sinalizador electrónico para chamar os empregados ou pedir a conta, as casas de banho (que ficam loooooonge), e também o facto de não se conseguir perceber se há ou não espaço de não fumadores. Sinalização a respeito de se poder fumar ou não, não está à vista de ninguém. Ficámos sem saber o que nos diriam se pedíssemos uma mesa para não fumadores, mas também ninguém se deu ao trabalho de nos perguntar. Eu sou pouco tolerante a comer com o fumo dos outros, e acho que não sofremos muito com isso, mas estou em crer que algo devia estar mais explícito por ali...

Outro ponto incompreensível é a questão da água. O Guilty anuncia no seu facebook, com muito orgulho e atitude pseudo-ecológica que a água que utilizam é obtida a partir da rede pública, sendo filtrada e purificada para servir aos clientes. E seria tudo muito bonito se eu, como cliente, pudesse optar por uma água engarrafada (não servem!). Porque cobrar 2,00 € por uma garrafa de água da torneira, não disponibilizando outras opções, não é caro, nem é barato, é um assalto à mão armada. E o sabor é simplesmente terrível.

Em termos de preço, é adequado e o expectável para aquilo que se dizia ser uma opção low-cost do Chef Olivier. Em comparação com algumas pizzarias da cidade, porém, há a certeza que por um preço menor se obtém muito melhor qualidade.

Ficámos com vontade de voltar apenas para experimentar o ambiente bar que toda a gente elogia. Para almoçar ou jantar, novamente, não dá muita vontade de regressar. Não é o melhor cartão de visita que o Chef Olivier poderia oferecer. No entanto, não perdi ainda a curiosidade de experimentar, um dia, as especialidades de Olivier no seu habitat natural (Restaurante ou Avenida) ou na sua experiência oriental, o Yakuza.

data da última visita: 18.julho.2011
preço por pessoa: 25 €
referente a: tábua mediterrânica, focaccia, 4 pizzas, 2 sobremesas
eau Gilty, cola, imperial e 1 café

Guilty By Olivier
Rua Barata Salgueiro, 28, Lisboa

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Jardim do Petisco

Um espaço onde a refeição é um petisco...

Para quem conhecia e apreciava o restaurante lisboeta Paixão dos Petiscos, provavelmente ainda não “digeriu” o encerramento deste espaço. Ao Paixão dos Petiscos de Lisboa deu lugar o Jardim do Petisco, situado no concelho de Sintra, mais precisamente na “aldeia em verso” de Gouveia. Este novo espaço mantém o essencial do conceito do anterior restaurante, ou seja, só são servidos petiscos (mais de 100...) a um preço convidativo, sendo o seu ambiente informal, descontraído e muito familiar. Ao nível das instalações, quando comparado com o antigo Paixão dos Petiscos, houve uma melhoria no novo Jardim do Petisco. Esta melhoria deve-se ao estilo rústico do interior deste novo espaço, mais em linha com o conceito de um restaurante de petiscos feitos à base de produtos portugueses tradicionais. Quando comparado com o espaço anterior, este novo restaurante apresente uma área maior e um jardim à sua volta, cujo potencial ainda não está explorado.

Em mais de 100 petiscos e apesar de muitas visitas a este restaurante, ainda não consegui provar mais de 20, sendo impossível descrever nestas linhas todos aqueles que já comi. Por este motivo, irei fazer a seguir um resumo daqueles que considero serem os melhores petiscos deste restaurante.

Queijo Assado
Este prato foi talvez o único para o qual senti diferença na mudança do Paixão dos Petiscos para o Jardim do Petisco. Esta mudança está relacionada com a mudança de queijos que foi feita. Os queijos agora utilizados, apesar de serem curados, não são tão secos como os anteriores, conferindo assim uma textura menos granulada, mantendo porém o mesmo sabor. O queijo de ovelha assado em azeite e ervas aromáticas, acompanhado por pão, confere a este petisco um sabor forte e ao mesmo tempo reconfortante para o estômago.

Ovos Mexidos com Farinheira
Esta “bomba calórica” é um petisco de uma simplicidade única: ovos mexidos mal passados misturados com farinheira! A receita deste petisco será certamente mais complexa, a sensação ao prová-lo é simples, é de pura gula. A mistura da textura do ovo mal passado, com o sabor da farinheira, provoca a vontade de comer mais e mais. Um dos ingredientes mais básicos da nossa culinária, combinado com um dos mais tradicionais enchidos portugueses, dificilmente daria mal resultado, por isso o segredo deste petisco tem de estar na sua confecção.

Cogumelos Portobello Assados com Queijo de Cabra Gratinado
Considero que este petisco é daqueles em que o contraste do sabor é dos mais acentuados. Os cogumelos portobello, quando assados apresentam uma mistura de sabores ácidos e amargos, o que combinados com uma pequena porção de queijo de cabra gratinado, confere o tal contraste que referi anteriormente. Não sendo um petisco único é certamente diferente dos restantes petiscos feitos à base de cogumelos.

Queijo de Cabra Panado com Doce de Frutos Silvestres
O queijo é uma componente central da maioria dos petiscos seleccionados, sendo que tal se deve à subjectividade do meu paladar. Porém, não referir este petisco, julgo que seria uma enorme falha, pois este petisco ao nível da sua confecção e contraste de sabores é realmente único. Um queijo panado, só por si, é uma forma diferente de trabalhar o queijo para a qual estamos habituados. Cobrir o queijo com doce de frutos silvestres, permite que ao cortá-lo haja uma mistura imediata do queijo derretido com o doce, o que lhe dá O verdadeiro contraste de sabores.
Este petisco não é “popular” entre aqueles que me acompanham normalmente nestas andanças, j. por exemplo não o aprecia. Porém, aconselho-o a quem quer experimentar algo de realmente diferente.

Salada de Polvo com Alho e Coentros
Polvo, alho e coentros, misturados com vinagre, dão origem a uma salada que quando servida fresca é um excelente petisco para fim de refeição. É um petisco leve, com a textura e sabor do polvo a ser bem combinado com o do alho e dos coentros, dando o vinagre apenas um toque final. É um petisco simples, sem contrastes de sabores muito fortes, ideal para desenjoar após ter provado uma série de petiscos muito mais calóricos.

Para além destes petiscos, existem outros igualmente bons, como por exemplo as Tiras de Porco Preto, o Chouriço Assado, a Tábua de Enchidos, o Queijo Camembert com Mel, os Coraçõezinhos Fritos, as Ameijoas e as Pernas de Rã (este último ainda não provei). Variedade não falta neste restaurante, sendo que o conselho que dou a quem ainda não lá foi, é ir com um grupo pequeno (duas a seis pessoas), de modo a pedir quatro ou cinco pratos e ir petiscando aos bocados. Este restaurante não é isento de falhas, pois tem uma carta de vinhos reduzida, especialmente nos brancos, que sendo vinhos mais leves e normalmente frescos, acompanham melhor alguns destes petiscos no Verão. Um bom vinho tinto acompanha bem a maioria dos petiscos que descrevi, um vinho branco mediano (desde que fresco) é sempre um bom acompanhamento para estes pratos. A imperial, desde que bem tirada, é um “valor seguro”. No Inverno sugiro que terminem a refeição com uma aguardente velha.

Outra falha deste restaurante é a falta de sobremesas, fruta em particular. Que não haja grande variedade de sobremesas compreende-se por não ser a especialidade da casa e provavelmente não é o seu objectivo, porém a leveza e doçura natural da fruta é um elemento essencial para finalizar uma refeição composta por pratos tão calóricos.

O espaço ainda é algo a ser trabalhado, porém como a mudança para estas novas instalações foi recente e repentina, dá-se o devido desconto.

Por fim, o preço é competitivo quando se vai em grupo e a conta é dividida "irmamente", ficando entre os 15 e os 20 euros, consoante o que se tenha consumido. 


data da última visita: princípios de julho.2011
preço por pessoa: 15 € - 25 €

Jardim do Petisco
Av. Nossa Senhora da Esperança, 62
São João das Lampas, Sintra

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Bocca

Talvez... um dos melhores restaurantes de Lisboa...

Como tudo na vida, nada como começar o do chefe ao chef com o “pé direito”. Por esta razão, quisemos, em equipa, iniciar este espaço com um post sobre o badalado Restaurante Bocca, para muitos o melhor restaurante de Lisboa. Para tal, aproveitámos a promoção da revista Time Out e experimentámos o menu de degustação “Nas Calmas”.


Começámos a refeição com um fresco e doce carpaccio de melão e salmão, servido como amuse bouche. Na nossa opinião, este é um dos elementos diferenciadores de um restaurante deste tipo pela criatividade exigida na criação destes “diverte-bocas", diferentes todos os dias.

O Salmão, a Maçã Granny Smith e as Ervas Finas
Esta entrada é um óptimo exemplo de cozinha inteligente e muito bem pensada. Aqui uma entrada não é apenas algo para matar o tempo enquanto o prato principal não chega. O salmão curado com ervas, na vichyssoise de maçã e seu sorbet, com pedaços de maçã caramelizada marcaram o início de uma refeição recheada de sabores muito bem combinados, que nos transportaram para um admirável mundo novo. Depois desta entrada as expectativas ficaram elevadas para os restantes pratos.


O Pato Mudo e o Ananás de São Miguel
Um carpaccio de pato, polvilhado com pequenos pedaços de chalota e cebolinho, pontuado com um chutney de ananás. Uma mistura inesperada de sabores, que resulta muito bem, entre o agridoce do chutney e a simplicidade das chalotas e do cebolinho, que permite esquecer que estamos a comer carne crua (que há quem não aprecie).
De salientar a excelente apresentação, empratado sobre uma pedra negra (lousa, talvez?), que lhe confere o título do look mais original deste menu de degustação. Infelizmente não encontrámos uma foto.

O Pregado, o Pinhão e o Mexilhão
Talvez este tenha sido o ponto fraco do menu de degustação. Vamos por partes, o pregado estava bem cozinhado, com uma agradável textura e um suave toque de sal a não permitir aquele sabor a peixe cozido insosso. A ligação com o molho de mexilhão e a ligeira acidez dos cogumelos shimeji foi perfeita, conferindo um sabor agradável ao pregado.
Contudo, os pinhões estavam a mais, retirando sabor ao prato, quando ingeridos com os restantes elementos que o compunham. A apresentação era pobre e com pouca cor, sendo que este pormenor teria sido resolvido com um ou dois vegetais mais coloridos. Por fim, a quantidade é algo a rever no futuro. Sabemos que o Bocca é um restaurante “nouvelle cousine português” e que estivemos perante um menu de degustação, porém, quando comparado com o carpaccio de pato, a quantidade neste prato era menor. Noutras circunstâncias seria uma entrada perfeita!

O Arroz Doce
Terminámos o menu com uma sobremesa que, apesar do nome, reinventa totalmente o tradicional Arroz Doce. É servida com uma bola de gelado de limão, sobre a qual é deitado um creme de arroz doce, decorada com uma estaladiça bolacha de canela. Como seria de esperar, o resultado foi óptimo. O contraste entre o amargo e o doce resultam na perfeição, transformando uma sobremesa banal de arroz com açúcar em algo inovador. Ao mesmo tempo, consegue manter a identidade própria do arroz doce, uma vez que o sabor está sempre presente, não nos fazendo esquecer a tão conhecida e popular sobremesa de que todos nós gostamos.

O Vinho
O vinho que “escoltou” este menu foi um suave e fresco Esporão Reserva 2009 (Branco), tendo cumprido com competência a sua função. A suavidade e aroma deste vinho acompanharam bem os pratos que foram sendo servidos, em particular o pregado. O último gole deste Esporão permitiu ainda limpar o palato para a sobremesa.

Atendimento, Serviço e Ambiente
O atendimento foi, como se esperava, altamente profissional, embora a início tenhamos receado ligeiramente a antipatia / arrogância do pessoal de sala sobre a qual tanto se fala por aí. Na nossa experiência, não passou de um mito (e ainda bem). Embora o nível de simpatia varie com a pessoa, fomos sempre bem atendidos e houve sempre disponibilidade para explicar a composição dos pratos. A abordagem final pelo gerente, questionando a mesa sobre se tudo tinha corrido conforme esperado, é um dos pormenores que confere ao Bocca o título de “luxo”. No entanto, fica a dúvida - caso a nossa apreciação / reacção a algum aspecto do menu tivesse sido menos positiva, será que se mantinha a simpatia no atendimento? Excelente, o pormenor de em alguns pontos do restaurante podermos satisfazer a nossa curiosidade e espreitar para a cozinha, para ver os chefs em acção.

Em dia de promoção Time Out, que valeu bem a pena aproveitar, há, no entanto, que estar preparado - de certeza que irão estar presentes na sala outros clientes não informados sobre o que é um restaurante como o Bocca. Isto proporciona alguns momentos divertidos, e outros de vergonha alheia. O Bocca é um restaurante de cozinha de autor, e não um daqueles restaurantes onde podemos chegar e pedir para alterar todos os pratos ao nosso gosto. A experiência vale por nos deixarmos ir na corrente daquilo que o chef recomenda e apreciar as misturas de sabores proporcionadas pelos menus.

data da visita: 29.julho.2011
preço por pessoa: 53 € (com o desconto Time Out ficou por 30 €)
referente a: couvert, menu de degustação “Nas Calmas” 

esporão reserva 2009 e água

Bocca Restaurante.Bar
Rua Rodrigo da Fonseca, 87 D, Lisboa