"O Cantinho do Avillez é um desejo antigo… há muito tempo que queria ter um restaurante assim: um espaço descontraído e confortável, com uma cozinha simples, mas sofisticada, que nos faz querer voltar muitas e muitas vezes." - José Avillez
(foto daqui)
Na minha opinião, acho que conseguiu. Este restaurante, está no top dos melhores restaurantes de Lisboa. Ok ok, vamos com calma... a verdade é que, sendo óbvio o sucesso inicial, apenas podemos esperar que assim continue. Sabemos que o Chef José Avillez prepara a abertura do seu novo restaurante, quem sabe candidato a uma estrela Michelin, pelo que a médio/longo prazo este "cantinho" deverá deixar de contar com a sua presença habitual. Uma situação comum, é certo, no entanto, é sempre diferente encontrar o Chef José Avillez, na cozinha ou a cumprimentar os Clientes, do que um dos seus discípulos.
O espaço é acolhedor, e, ao nível de decoração, conta com alguns pormenores deliciosos. Estão de volta os pratos "folha de couve" dos quais eu não sou grande fã, mas que se enquadram perfeitamente neste conceito. A parede faz lembrar tábuas de madeira antiga, o que ajuda ao ambiente descontraído. O bar, à entrada, é também uma óptima ideia, que acho que deveria ser quase obrigatória. É muito mais agradável esperar por amigos no bar, do que nos sentarmos numa mesa vazia.
O atendimento foi simpático e profissional e bastante útil na explicação da carta e na recomendação dos vinhos. Notou-se que procuravam o melhor para o Cliente e não apenas para o restaurante.
Enquanto aguardamos pelo início da refeição, realço o facto de ser servido um creme de tomate (para molhar o pão). Adorei a ideia, não só pelo agradável sabor do mesmo, mas porque é diferente. Estamos habituados a patés, a azeite, a diferentes manteigas ou queijos, e esta ideia é novidade. Imaginem umas estaladiças e finas fatias de pão tostado, cobertas de um leve creme de tomate e alho ligeiramente ácido... delicioso.
O atendimento foi simpático e profissional e bastante útil na explicação da carta e na recomendação dos vinhos. Notou-se que procuravam o melhor para o Cliente e não apenas para o restaurante.
Enquanto aguardamos pelo início da refeição, realço o facto de ser servido um creme de tomate (para molhar o pão). Adorei a ideia, não só pelo agradável sabor do mesmo, mas porque é diferente. Estamos habituados a patés, a azeite, a diferentes manteigas ou queijos, e esta ideia é novidade. Imaginem umas estaladiças e finas fatias de pão tostado, cobertas de um leve creme de tomate e alho ligeiramente ácido... delicioso.
Entradas
Outro dos "pormenores deliciosos" deste restaurante é a apresentação das entradas (pelo menos das que pedimos). Servidas directamente, do forno para a mesa, num pequeno tacho e numa pequena frigideira, foram colocados em bases feitas de rolhas de cortiça com um aspecto totalmente hand made.
Farinheira com Crosta de Broa (j.) - estão a imaginar um bacalhau com broa? Pois, esta entrada é mais ou menos o mesmo, se trocarem o bacalhau por farinheira. É deliciosa, moderna, e ao mesmo tempo tem um sabor tradicional. Eu adoro farinheira, sou suspeita por isso, mas a textura crocante da broa (misturada com coentros) por cima da farinheira é viciante.
Queijo de Nisa no Forno com Mel de Rosmaninho (f.) - um queijo assado cuja textura era suave, nada granulada, e onde não havia um efeito de elasticidade exagerado. O sabor era intenso, porém, ao fim de cada garfada sentia-se no palato um ligeiro corte doce. Do que seria? A ementa continha a resposta: um toque de mel de rosmaninho no queijo, e pronto, estava feita uma entrada deliciosa.
Pratos Principais
Risotto de Boletos (j.) - este foi talvez o melhor risotto que já comi. Era muito suave, cremoso e com sabores equilibrados. Os boletos (que são aqueles cogumelos típicos com chapéu e pé) estavam muito bem confeccionados. Muitas vezes, neste tipo de risottos, é comum os cogumelos estarem muito moles, por vezes quase desfeitos, e com o sabor descaracterizado pela força dos restantes ingredientes. Neste caso não achei, os boletos estavam firmes e com um sabor apurado.
Vieiras na Frigideira, com Batata Doce, Cogumelos, Espargos e Manjericão (f.) - à partida parece tudo uma grande mistura, mas não, é apenas uma excelente combinação. As vieiras estavam óptimas, com uma textura semelhante à de um peixe e um fresco sabor a marisco. Como acompanhamento das vieiras foram servidos uma excelente batata doce, cogumelos e espargos, ambos frescos e muito bem confeccionados. O interesse deste prato consistia na combinação equilibrada das texturas e sabores de alimentos de elevada qualidade, que ligavam perfeitamente com uma cobertura caramelizada suave.
Sobremesas
Leite Creme de Laranja e Baunilha (j.) - uma óptima variação do leite creme tradicional. Não há muito mais a acrescentar. Para mim, é menos cansativo e mais guloso que o leite creme comum, pois parece-me menos doce. Acho que poderia comer uma grande taça desta sobremesa...
Sorvete de Limão, com Manjericão e Vodka (f.) - uma sobremesa muito fresca, não por ser um gelado, mas pela sensação agradável provocada pela combinação entre o limão e o manjericão. A ligação entre estes dois elementos tem de ser perfeita, caso contrário, seria totalmente intragável (já tive essa experiência com os mesmos ingredientes). No final de cada degustação, sentia-se o sabor da vodka. Esta sobremesa é servida num copo para se poder beber no fim, quando o sorvete derrete.
Vinho
Douro Valado 2010 (tinto) (f.) - gosto muito de ir a restaurantes que sirvam vinho a copo, pois normalmente em jantares a dois, sou o único que bebe e esta modalidade é boa na ausência de garrafas pequenas. Foi o caso deste Douro Valado, que, não sendo nada de extraordinário, tinha um sabor forte q.b. que acompanhava bem o Queijo de Nisa e as Vieiras. O preço pago ao copo (4,50 €), no binómio qualidade/preço, era o factor com maior peso.
Não é frequente encontrar um restaurante sem aspectos a melhorar, especialmente quando é recente, o que podem verificar noutros comentários que já fizemos. No entanto, neste restaurante, não tenho, mesmo, nada a salientar. A experiência do Chef José Avillez é conhecida e isso nota-se neste espaço. Pela qualidade e versatilidade da carta, que combina a cozinha sofisticada e de preços mais elevados, com opções mais simples e acessíveis, pelo ambiente descontraído e serviço profissional, é uma experiência a ter e, se possível, repetir.
(nota: este comentário foi escrito em colaboração com f.)
data da visita: 11.outubro.2011
preço por pessoa: 33 €
Cantinho do Avillez
Rua dos Duques de Bragança, 7, Lisboa
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