sábado, 20 de agosto de 2011

To Sense

Um start up sofisticado suave...

Esta seria a forma como melhor poderia definir este restaurante. No decorrer deste post, irei explicar o porquê de tal estranha definição, mas, antes disso, faço já aqui uma ressalva, ou se quiserem, uma declaração de interesses. Um dos proprietários deste restaurante é amigo do autor destas linhas, porém, tal relação não condicionará a minha opinião. O meu amigo não só desconhece a minha colaboração neste blog, como também não está à espera que o seu restaurante seja "alvo" da crítica apurada "do chefe ao chef". Como o blog é recente, o mais provável é que não o conheça...

Em todo o caso, o importante é o que o To Sense vale enquanto restaurante e é para isso que aqui estou a escrever...

O Espaço
O To Sense, situado na zona de Alcântara, é um restaurante cujo espaço foi decorado com sofisticação q.b., sem que com isso se assemelhe a outros espaços lisboetas, como, por exemplo, os restaurantes Bocca, ou Alma. Também não me parece que seja esse o espírito dos seus proprietários... Ambiente escuro, luzes adequadas, decoração simples (o pormenor das molduras de quadros sem tela tem a sua graça), perfeito, não fosse a televisão. Amigos, compreende-se que para os almoços dos dias da semana, a televisão esteja presente e ligada, pois a notícia do telejornal dá sempre jeito para meter conversa com o colega de trabalho com quem não se tem empatia, mas no serviço de jantar...

O atendimento é um tema que eu prefiro não comentar, pois como amigo de um dos donos, evidentemente que o serviço foi sempre de amigo, especialmente quando fui ao restaurante mais do que uma vez com um grupo de amigos comuns...

A Ementa
Falemos do principal motivo que leva (ou deveria levar) as pessoas a irem a um restaurante, i.e., a comida nele servida. Este restaurante é composto por gente nova e com ideias novas, contudo, não são necessariamente inovadores radicais, ou artistas do empratamento. O conceito é muito simples, comer refeições bem confeccionadas, com boas apresentações, porém sem serem nouvelle cuisine, que saibam bem, elaboradas com ingredientes comuns e a um preço relativamente acessível. Tudo é perfeito? Não, não é, por essa razão passemos aos pormenores do que provei e do que vi provarem...

Folhado de Queijo de Cabra com Mel e Alecrim: o ponto forte do chef deste restaurante (Gonçalo do Canto - um nome a recordar para quem anda nisto profissionalmente) são as entradas, sendo esta a melhor de todas. O estaladiço da massa folhada e o sabor forte do queijo de cabra, combinam perfeitamente com a doçura do mel e aroma do alecrim. É algo de inexplicavelmente bom. A apresentação desta entrada é simples, porém, ao mesmo tempo elegante, com o mel e o alecrim por cima do folhado a contribuírem para tal. Admito que se pudesse comer isto todos os dias, tardaria a enjoar...

Croquetes de Alheira com Molho de Mostarda: adoro enchidos, mas alheira não é um deles. Sou capaz de comer uma alheira no forno com uma salada (uma receita a partilhar pela colega j.), esta entrada e pouco mais. A verdade é que o facto da alheira ser frita do mesmo modo que um croquete, retira-lhe boa parte do sabor que por vezes não me agrada, o que a combinar com o molho de mostarda, torna esta entrada realmente interessante. Não seria a minha primeira escolha, mas gostos são gostos e j., por exemplo, adora esta entrada.

Cogumelos Recheados com Farinheira: estas pequenas bombas calóricas são muito saborosas, com a farinheira a sobrepor-se ao sabor dos cogumelos, sendo que estes são literalmente a base na qual repousa o conteúdo deste enchido. O seu toque gratinado permite dar alguma consistência ao prato, realçando, contudo, o sabor a farinheira. Uma escolha a ter em conta, apesar da apresentação poder ser mais cuidada neste prato.

Salada To Sense (peito de frango panado): eu sou um grande apreciador de saladas e arrependi-me de não ter pedido este prato da última vez que fui ao To Sense. Limitei-me a "roubar" um bocado do prato de uma amiga, pois o aspecto da salada era mesmo bom. Basicamente, são pedaços de peito de frango panado, acompanhado (salvo erro) de dois tipos de alface. O sabor era agradável e para uma noite quente, a sua frescura sabia bem a quem a comia.

Lombo de Robalo com Migas de Batata: não tendo experimentado o robalo, limitei-me a "roubar" as migas e posso dizer que como apreciador deste acompanhamento, estavam muito boas. Nem demasiado húmidas, nem o sabor da batata (que eu não aprecio particularmente) se destacava.

Picanha com linguini salteado: eis um prato a rever neste restaurante. O prato sabe bem? Sim, o linguini e a picanha sabem a alho, o que a mim me agrada muito. O sabor não era excessivamente forte, mas para quem não gosta de alho é o suficiente para não o comerem. O problema deste prato reside na apresentação, pois servir bem em quantidade é algo de louvar, mas amontoar uma quantidade enorme de massa e pedaços de picanha é desnecessário. Adicionalmente, para quem gosta da carne mal passada, como eu gosto, há que ter cuidado em não deixar o sangue da carne em excesso no prato, pois a massa passa a saber a sangue com alho. Para quem aprecia um bom prato de carne, recomendo esta opção, pois a carne é de boa qualidade e bem confeccionada.

Medalhões de Porco Preto: o prato que me desagradou... Estava curioso para comer este prato, pois adoro porco preto, mas o facto da carne ter sido grelhada não correu bem. A carne ficou demasiado seca e em algumas partes, estava completamente carbonizada. Atenção, há quem aprecie comer carne assim e talvez seja este o intuito do chef, comigo é que não resultou. Por incrível que pareça, o que mais sobressaiu neste prato foi um dos acompanhamentos, a saber, o esparregado. A maioria das pessoas pensa que este acompanhamento é fácil de se fazer e depois saem "papas verdes", o que não era o caso. Este esparregado era mesmo bom.

Bacalhau com Broa em Crosta de Farinheira: ok, farinheira mais uma vez... Eu gosto mesmo de farinheira e quando a vi com bacalhau e broa pensei que tinha mesmo que provar este prato. O bacalhau (se não estou em erro era assado) era uma boa posta, com as lascas a saírem suavemente e sem se desfazerem. A broa não estava seca, absorvendo bem o azeite e a misturar-se bem com o bacalhau. A crosta de farinheira estava boa, mas o termo crosta estava bem aplicado, pois este elemento do prato talvez estivesse demasiado seco e rígido. O empratamento foi realmente cuidado.

Crumble de Maçã e Canela com Gelado: perfeito, perfeito, perfeito! A acidez da maçã morna, combinada com a massa do crumble e aquele toque a canela eram algo de divino. Junta-se a bola de gelado (julgo que geralmente de baunilha, mas a mim deram-me de nata) e os elementos que compõem esta sobremesa ficam saborosamente frescos.

Bebidas
Em termos de bebida a acompanhar estes pratos, sugiro a bela da imperial para o linguini com a picanha e um bom vinho tinto (a casa tem uma carta acessível de tintos alentejanos e do douro) a acompanhar os medalhões de porco preto. Provavelmente, um vinho branco fresco seria uma boa opção com o robalo e talvez com o bacalhau, mas como não provei apenas posso imaginar.

Conclusão
Para uma casa que tem aproximadamente um ano e que é composta por jovens empreendedores, há naturalmente alguns erros a apontar, mas nada de grave e o potencial para melhorar está lá. O que importa é que por uma entrada, prato principal, sobremesa e bebida (desde que não seja uma pessoa a beber vinho sozinha), a refeição pode ficar por cerca de 25 €, vá lá, 30 €, o que tendo em conta a qualidade dos pratos servidos, a quantidade e o ambiente do restaurante não é assim tão excessivamente caro. Durante o dia, o restaurante oferece menus de almoço apelativos, quer pela sua ementa, como pelo preço (geralmente 8 €). É ainda possível organizar jantares de grupo, com um menu fixo e bebida à descrição, por cerca de 20 €).

data da última visita: várias.2010/2011
preço por pessoa: 20 € - 30 €

To Sense
Rua Padre Adriano Botelho, 5, Alcântara

1 comentário:

  1. Gosto muito deste restaurante, o atendimento é sem duvida um ponto forte, sentimo-nos bem e comemos ainda melhor

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