sexta-feira, 27 de julho de 2012

Em Viagem... Roma

Fomos recentemente visitar Roma e, naturalmente, aproveitámos para apreciar a cozinha italiana na sua origem. Não sendo este um blog de viagens, deixamos apenas aqui um breve resumo do que se pode encontrar por lá a nível de refeições.

Como já seria de esperar, em Itália é praticamente certo que não se vai passar fome (ao contrário de outros países europeus, onde, regra geral, ninguém sabe bem o que é cozinhar). Um primeiro comentário para o custo das refeições - estávamos à espera que fosse muito mais caro! Falando de refeições em restaurantes que não eram fast-food (ou seja, sentados e com serviço de mesa), o almoço nunca ultrapassou os 15€/pessoa e o jantar mais caro não chegou nem a 25€/pessoa. Em fast-food, chegámos a almoçar por menos de 4€ (sim, quatro euros), numa pequena loja de pizza a peso (e comemos bem).

A viagem exigiu várias refeições "fora de casa", onde foi possível experimentar um pouco de tudo, sempre à volta das pizzas, pastas e risottos.

A destacar, pela positiva, três restaurantes...

Pizzeria da Vittorio (zona: Trastevere)
Na visita à zona boémia do Trastevere, seguimos a recomendação do guia Top10 da American Express, e visitámos esta pizzaria. Com um ar muito tradicional e de dimensão muito reduzida, tem um ambiente muito acolhedor e sem grandes confusões ou barulho.
As pizzas que pedimos, todas de massa muito fininha e estaladiça, eram fantásticas! Modeladas em forma de coração, só com a quantidade de ingredientes necessária e não em excesso, estavam muito próximas do perfeito. O panna cotta (sobremesa de nata cozida que eu adoro), coberto com molho de frutos vermelhos ou de caramelo, era artesanal e com um sabor inesquecível. O tiramisú, que eu pessoalmente não aprecio, parece que também estava espectacular. O preço foi de uns simpáticos 18€/pessoa. Informação online sobre o restaurante só encontrámos no Trip Advisor, aqui.


al Piccolo Arancio (zona: Fontana di Trevi)
Como queríamos ver a Fontana di Trevi de dia e de noite, fomos ao final da tarde até lá, depois jantámos por perto e regressámos para ver o efeito nocturno. Tendo em conta a zona turística, pensámos em afastar-nos um pouco das ruas principais e procurámos uma rua com menos movimento, numa tentativa de fugir aos menus turísticos com os quais é preciso ter algum cuidado.
Encontrámos então este restaurante, que tinha esplanada e sombra (estavam 40º C às 20h00!). Ficámos um momento a pensar se ficaríamos por lá porque já não havia lugares na esplanada, mas em menos de um piscar de olhos o empregado (sempre simpático e atencioso sem se tornar chato) fez aparecer uma mesa, cadeiras e todo o material necessário (pratos, copos, toalha...). De notar que a esplanada era na rua, e, de vez em quando passava um carro ou uma mota muito perto das mesas, o que é um pouco estranho, mas que acabou por não incomodar assim tanto.
Desta vez, fomos pelas pastas e aí sim, podemos dizer, com muita certeza, que nunca comemos pastas iguais por terras lusas. Há algo no tempero, na utilização das ervas aromáticas e do azeite, que lhes dá um sabor apurado e, ao mesmo tempo, no ponto certo. Não me recordo já de tudo o que pedimos, mas aqui destacou-se o Spaghetti alle Vongole, com amêijoas, cujo fabuloso paladar a mar nos ficará para sempre na memória. Também o panna cotta, genial! Fico sem perceber como se faz mau panna cotta por aqui, parece-me que deve ser algo muito simples de fazer... não comemos nenhum que fosse mau! O preço foi de 20€ por pessoa e podem conhecer melhor o local, aqui.

La Rosa (zona: Fontana di Trevi)
Na última noite em Roma, e por ser de fácil deslocação, quisemos repetir o al Piccolo Arancio, mas... era 2ª feira e estava fechado (coisa que nunca nos lembramos de verificar quando vamos de férias). Andámos um pouco mais para a frente na mesma rua e encontrámos o La Rosa, cuja análise ao menu que estava à porta nos pareceu muito bem.
Desta vez optámos pelo interior, que tinha ar condicionado (essa maravilha da humanidade!). A primeira sensação ao entrarmos é que estamos a jantar na sala da casa de uma família italiana - praticamente só havia espaço para a nossa mesa de 5 pessoas. Essa sensação confirma-se quando percebemos que é de facto uma família (pai, mãe e filho) que estão a dar apoio às mesas e à cozinha.
A destacar, o Rigatoni (um tipo de massa) com molho de tomate (só e chegava) e o Risotto de Cogumelos (frescos, claro está!). Novamente, o panna cotta e o tiramisu a terminar a refeição em beleza. O preço foi o mais alto, 23€/pessoa, e também só encontramos informação online no Trip Advisor, aqui.

A evitar...

Pasqualino al Colosseo (zona: Coliseu) - recomendaram-nos este restaurante perto do Coliseu, dizendo que era muito bom e barato. Fomos mal recebidos - a empregada que nos atendeu era mesmo mal educada; mal servidos - um ravioli que pedimos foi bom para passar fome; e o preço não foi nada barato - quando somos mal servidos até 1€ é demais. Não nos fomos embora sem deixar claro que o atendimento era péssimo e as doses eram ridículas, e temos a obrigação de deixar o alerta - não se deixem encantar pelo aspecto tradicional e vão a outro sítio qualquer se andarem por ali perto.

...
Como notas gerais, saliento apenas que, à primeira vista, as quantidades podem parecer pequenas, quer seja nas pizzas (pelo facto da massa ser fininha) quer seja nas pastas. Mas é só ilusão de óptica - só uma vez fomos mal servidos no que às quantidades diz respeito - é sempre a quantidade certa, e não em excesso, como estamos habituados a ver por cá.
Sobre os ingredientes nas pizzas, nunca são mais de dois ou três variedades, os italianos não gostam de demasiadas misturas neste prato (e têm razão). Mas as quantidades desses ingredientes são as certas e não apenas uns míseros sete pedaços de um cogumelo como já tivemos o azar de ver por cá, o que desmistifica um pouco a polémica gerada quando falámos do Mezzogiorno. As pizzas deste restaurante são boas, mas deviam ter mais atenção a este aspecto.
Por falar em cogumelos, eu ia convicta de que não ia encontrar cogumelos de lata, mas encontrei e fiquei de coração partido. Na verdade, foi num restaurante (Baccanale Trastevere) em que acabámos por ficar apenas por ser praticamente o único a transmitir o jogo de Portugal no EURO2012 com a Holanda, e  por ser barato (12€), portanto lá me resignei a aceitar o menu turístico de qualidade mediana...

Caso visitem Roma, aconselhamos a não perder estes três restaurantes (ou, no mínimo, um deles) e a fugir dos mais turísticos que só servem para enganar. E boas férias, que estamos na altura delas!

sábado, 14 de julho de 2012

Casa Vidal | Águeda

Numa breve incursão pelo (ainda) próspero distrito de Aveiro, do chefe ao chef teve a oportunidade de conhecer um daqueles restaurantes tipicamente familiares perdidos no meio do nada, mas que todos conhecem. O restaurante em causa é o Casa Vidal e o motivo pelo qual todas as pessoas nesta região o conhecem é o seu afamado Leitão. Tão afamada é esta casa, que ainda hoje é referido o facto histórico de em 1996 terem servido três Leitões, num banquete, à Sua Majestade a Rainha Isabel II. Para uma casa situada em Aguada de Cima, Águeda, é certamente um motivo de orgulho, mas principalmente uma excelente forma de obter publicidade boa e gratuita. Porém, uma mensagem tem que ter um suporte e dizer que se serviu Leitão à Rainha de Inglaterra não me diz muito. Importante é que o Leitão lá servido seja realmente bom e não sendo eu um fanático por este prato, tipo de sair da A1 e parar na Mealhada para o provar, fiquei rendido ao que por lá se serve.

(ver imagem aqui)

Antes de passar ao prato principal, no que diz respeito ao espaço e serviço da Casa Vidal não há muito a descrever. Interior simples, sem motivos decorativos por aí além, à excepção de um painel de azulejos cujo tema está relacionado com a prática de assar Leitões e por alguma razão as janelas tapadas, eis o Casa Vidal. De realçar que estão a realizar obras à entrada e que a casa de banho (sim, a casa de banho!) tem uma decoração mais moderna, pelo que é expectável que, com o tempo, haja alguma alteração neste aspecto. Para ser franco, julgo não haver grande necessidade para tal, pois quem vai à Casa Vidal apenas quer comer um bom Leitão. Quanto ao serviço, não há muito a acrescentar, simpático e eficaz. Quando já se sabe ao que a clientela vai, não é preciso dispender tempo com muitas explicações. Reforço, é para comer Leitão que lá se vai. 

Quanto ao tal Leitão, não há muito a dizer, excepto que é realmente excelente. Pele tostada, quase tipo crosta, carne mole, muito suculenta e bem temperada. Sente-se o sabor de citrinos (talvez limão), alguma erva aromática, sal e talvez uma pequena pitada de pimenta. Consigo descrever o que o meu paladar sentiu, mas sem grandes certezas, pois um dos segredos da Casa Vidal a assar Leitões é o seu tempero, o outro é o seu tempo de assadura. Antes do Leitão ser posto realmente a assar no espeto, dão-lhe algumas voltas rápidas, de modo a que a pele frite, tornando-a uma verdadeira crosta e assim isolando o resto do corpo. O Leitão estará assim a assar sobre si mesmo, não sendo necessário muito tempero. A ser verdade, não sei, não percebo muito de assar Leitões, seja como for, o resultado é muito bom. Relativamente aos acompanhamentos, nada há a dizer, batata frita, salada e laranjas, o que conta é o Leitão. A Casa Vidal destaca-se por servir vinhos espumantes da região para acompanhar o prato principal. Pela primeira vez provei vinho espumante Tinto, neste caso o da casa, e apesar de o achar muito doce, não acompanhava mal o Leitão. 

Por fim e em jeito de conclusão, é uma óptima opção local, a um preço simpático (15 € - 20 € por pessoa) e onde se pode provar um prato mais do que tradicional e extremamente bem confeccionado. Ao preço indicado é preciso ter em consideração que se juntou ao Leitão o tal vinho espumante tinto, água, sobremesas e cafés. Parece-me um preço perfeitamente acessível para se comer o melhor Leitão da zona.

data da visita: 10.julho.2012
preço por pessoa: 20 €

Casa Vidal
Rua das Almas, Almas Areosa
Aguada de Cima, Águeda